No Conselho de Ética, foi definido quem vai elaborar relatório sugerindo a cassação ou não de Demóstenes
Do Correio Braziliense
Depois de duas semanas de discursos inflamados, pedidos de rigor e de celeridade na apuração das denúncias contra Demóstenes Torres (sem partido-GO), cinco senadores recusaram ontem a relatoria do processo aberto no Conselho de Ética da Casa que julgará se houve quebra de decoro parlamentar por parte do parlamentar. Pela ordem, alegaram foro íntimo e declinaram em sequência Lobão Filho (PMDB-MA), Gim Argelo (PTB-DF), Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Caberá ao senador Humberto Costa (PT-PE) ocupar a cadeira do parlamentar responsável por elaborar o relatório sugerindo o destino de Demóstenes — ele está sujeito à cassação.
Assim como os demais, Romero Jucá (PMDB-RR) argumentou ter se esquivado da função por ter tido diversos embates com o agora acusado. “Acabei de deixar a liderança do governo. Se eu fosse o relator, algumas pessoas poderiam pensar que minha intenção era fazer vingança, o que não é o caso”, afirmou. Demóstenes chegou à sessão meia-hora depois do previsto para a abertura dos trabalhos, 10h. Cercado por um amontoado de jornalistas e um grupo de seguranças, venceu o empurra-empurra e entrou na sala, repetindo laconicamente que era inocente. Adotando a tática do constrangimento, permaneceu no conselho até o fim das discussões.
Acompanhou a recusa dos cinco primeiros senadores sorteados para assumir a relatoria, rito previsto no regimento, e se pronunciou poucas vezes durante a sessão. “Farei minha defesa por escrito, e depois, de forma mais contundente. Ainda não tive oportunidade de fazê-la, mas eu farei e provarei que sou inocente”, afirmou, em tom ameno, sem a veemência que marcou sua atuação parlamentar.
Constrangimento
A presença de Demóstenes durou pouco, mas foi suficiente para constranger os cinco colegas que declinaram da vaga de relator. O parlamentar goiano deixou a sala logo após o anúncio do nome de Humberto Costa — que já esteve envolvido em denúncias no escândalo dos sanguessugas, mas foi inocentado — e não assistiu à oficialização de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) para a Presidência do Conselho. Na avaliação de alguns senadores, ele saiu do Congresso mais forte do que entrou, embora ainda agonize politicamente e dificilmente escape da perda do mandato. “É lamentável. Quem renuncia à missão de relatar também deve renunciar à missão de julgar. Deveriam se sentir impedidos de permanecer no Conselho de Ética”, criticou o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).
O comparecimento de Demóstenes à sessão confirma a disposição do parlamentar em trabalhar para, na pior das hipóteses, atenuar a derrota anunciada no Conselho de Ética. Desde o início da semana, ele vem procurando senadores para pedir apoio e garantir que conseguirá provar inocência sobre as suspeitas de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/04/13/politica7_0.asp
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