Depois de 11 anos, adversários se encontram no Baile Municipal e colocam as diferenças de lado
ANA LUIZA
Uma das maiores novidades do 48º Baile Municipal do Recife, realizado no último sábado, foi a presença da oposição. Há 11 anos, ou seja, desde que o PT passou a comandar a capital pernambucana, que não se via caciques do DEM e do PSDB participando do evento organizado pela primeira-dama da cidade, Marília Bezerra. Este ano, coincidentemente ano eleitoral, o prefeito João da Costa (PT) convidou seus adversários políticos e eles resolveram aceitar e festejar juntos o tradicional baile.
A avaliação deste “momento democrático” foi, surpreendentemente, feita por governistas e oposicionistas de forma afinada. “Politicamente, isso não quer dizer nada”, disseram no mesmo tom, mas em camarotes diferentes, o senador Humberto Costa (PT) e o deputado federal e pré-candidato a prefeitura do Recife, Mendonça Filho (DEM). Para o democrata, a oportunidade de participar do baile surgiu apenas este ano, no Baile dos Artistas. “Ano passado não teve convite. Fazia 11 anos que não vinha. Estou feliz de estar aqui. É uma festa popular, colorida e de gente alegre”, comentou Mendonça.
João da Costa, em sua análise, também parecia ter combinado as palavras com o governador Eduardo Campos (PSB). “Convidamos a oposição porque as nossas diferenças devem ser pautadas pelas ideias e não pelo relacionamento”, disse o petista. Ambos reforçaram que o carnaval é uma festa democrática e as diferenças devem ser respeitadas. “Quem deve brigar são as ideias”, amenizou o governador. Uma demostração disso foi dada este ano também pelo prefeito ao comparecer ao Baile do Siri na Lata, tradicionalmente reduto da direita pernambucana.
O deputado estadual e pré-candidato pelo PSDB, Daniel Coelho, não quis criar nos governistas as chamadas “ilusões carnavalescas” e foi cético ao analisar a situação: “Nossa presença aqui não tem nada a ver com trégua. É só uma questão de civilidade, de saber separar as coisas”. A vereadora tucana Aline Mariano, crítica assídua da gestão petista na Câmara do Recife, saiu do script e elogiou a festa. “Ele (João da Costa) demorou a acertar nas atrações. Este ano realmente está com cara de municipal, porque privilegiou os artistas da terra. Estamos aqui para dar a mão à palmatória”. Da parte dela, as investigações com os gastos públicos continuam. “Trégua nada! Fiz em plena prévia carnavalesca audiência pública sobre o carnaval.” A líder da oposição na Câmara, Priscila Krause (DEM), que apresentou na última semana um projeto de lei que pede a regulamentação e transparência nos gastos com o Baile Municipal. Ela não compareceu à festa.
Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/02/13/politica3_0.asp
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