quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Governo cobra metas e cancela férias na polícia

PACTO PELA VIDA Medida afeta cerca de 2,5 mil policiais que atuam em áreas que não atingiram meta de redução de homicídios

Carlos Eduardo Santos


Sem conseguir atingir a meta de redução de homicídios e com o aumento de crimes contra o patrimônio, como assalto a ônibus, o governo do Estado decidiu contra-atacar com uma medida polêmica. Em portaria publicada, ontem, no Diário Oficial do Estado e assinada pelo secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, o Executivo suspendeu as férias e licenças de policiais militares, civis e bombeiros este mês.

A medida atinge principalmente cargos comissionados, comandantes e delegados, mas também cabos e soldados das Áreas Integradas de Segurança que não atingiram a meta de 12% na redução de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) homicídios, latrocínios e assaltos seguidos de morte. Isso significa cerca de 2,5 mil policiais.

A decisão é uma forma de pressionar, principalmente, os gestores do Pacto pela Vida, a reduzir os índices de violência no Estado. Isso porque, depois de três meses diminuindo o número de CVLI, há indícios de que o número de assassinatos em novembro ultrapassou o número de notificações feitas no mesmo período do ano passado.

Em novembro de 2010 foram registrados 244 crimes desse tipo. Este ano, até o dia 25, haviam sido contabilizados 239 assassinatos, de acordo com dados divulgados no site da SDS. Mas como a média diária do mês é de nove homicídios, é provável que o mês tenha terminado mais violento que o do ano passado.

A suspensão das férias não agradou as entidades que representam os policiais do Estado. Para o presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco, Flaubert Queiroz, a medida é ilegal.

"Não existe situação de calamidade pública para que essa decisão seja tomada. Vejo a medida com um caráter punitivo para os policiais. Vamos impetrar mandado de segurança junto à Justiça para garantir as férias dos delegados", destacou Queiroz, acrescentando que entre 40 e 50 delegados tiveram que suspender as férias.

A Associação dos Cabos e Soldados (ACS) também pretende acionar a Justiça. "Essa é uma medida desrespeitosa. A tropa já está desmotivada, pois baixamos os índices em 2010 e não fomos reconhecidos com um aumento (de salário) decente. E ainda somos surpreendidos com essa decisão", afirmou o presidente da ACS, Renílson Bezerra.

O secretário Wilson Damázio reconhece que o mês de novembro foi difícil em relação à violência, mas garantiu que a decisão de suspender as férias é em prol da sociedade pernambucana.

"O mês de dezembro, historicamente, é mais violento. Então, vamos entrar com carga total para reduzir os índices de violência. E tenho certeza que os policiais pernambucanos não vão nos abandonar. Cerca de 2,5 mil policiais estavam com férias marcadas para dezembro. Isso é o equivalente a 12% do nosso efetivo operacional. E trata-se de uma medida que já realizamos antes, no Carnaval e no meio do ano", ressaltou Damázio.

Fonte: JC

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