Se o governador Eduardo Campos (PSB) conseguir “cruzar” 2012 com a aliança governista intacta merecerá ser alvo de estudos.
Afinal, terá encontrado a fórmula de como puxar brasa para sua sardinha sem desagradar àqueles que serão obrigados a comer peixe cru.
O salvo conduto dado pelo governador a correligionários para lançar pré-candidaturas a prefeituras de municípios onde aliados de outras legendas têm bases históricas incomoda e muito as cúpulas das siglas afetadas.
Ainda assim, ninguém chutou, por enquanto, o pau da imensa barraca que abriga a Frente Popular. Porém, é certo que os “estrangeiros” do PSB devem provocar reações.
Estrangeiros, aqui cabe uma explicação, é como são chamados pré-candidatos que não têm ligação alguma com os municípios onde planejam concorrer. O único vínculo é o domicílio eleitoral transferido às pressas para viabilizar a pré-candidatura.
No caso do PSB, os estrangeiros tiveram passaporte carimbado pelo Palácio do Campos das Princesas, quartel-general do projeto de expansão da legenda socialista.
PTB, PT, PCdoB e mesmo o aliado “informal” PSDB já sofrem efeitos das pré-candidaturas criadas pelo laboratório palaciano.
Dependentes da máquina governista – motor de obras nos municípios – os partidos ainda não esboçaram reações contudentes.
Há queixas aqui e ali, mas nada que possa ser entendido como um levante. Quem sabe o PSDB, oficialmente na oposição e temendo ser engolido pela onda socialista, assuma uma postura de enfrentamento ao Palácio.
Acesse no link abaixo a matéria Feridas abertas na escalada governista de Rosália Rangel e o comentário A gota d´água, da coluna Diario Político, de Marisa Gibson, publicadas nesta quarta-feira no Diario.
Feridas abertas na escalada governista
As últimas mexidas feitas pelo PSB no tabuleiro eleitoral para 2012, em Pernambuco, sintetizam perfeitamente o conceito de ação e reação. Pensando no voo socialista para a disputa presidencial, o partido, gradativamente, vem lançando pré-candidaturas nas cidades que estão na linha de frente do desenvolvimento do estado. E o resultado disso não poderia ser outro: atritos com aliados históricos e nomes de partidos adversários, mas com afinidade com o governador Eduardo Campos. Nesse grupo se enquadra o prefeito de Jaboatão, Elias Gomes (PSDB). A estratégia, segundo o revelado por socialistas, é solidificar, a partir do estado, o projeto nacional do PSB. No próximo ano, a meta é concorrer em 1,3 mil municípios, entre eles, 11 capitais.
Para a consolidação desse projeto, nos últimos meses, muita lenha foi colocada na fogueira, o que fez ferver o caldeirão socialista. A pré-candidatura do deputado estadual João Fernando Coutinho (PSB) a prefeito de Jaboatão foi a última pedra no jogo comandado por Eduardo. Até então, a cúpula governista mantinha convivência “amigável” com Elias Gomes, mas, nos últimos dias, o prefeito passou a ter a gestão criticada. A entrada de Coutinho na disputa deixa claro o objetivo do partido e descarta pré-candidatos como Robson Leite (PT) e Cleiton Collins (PSC), que esperavam apoio.
A trilha traçada para 2012 também inclui a cidade de Goiana, que recentemente ganhou a preferência da Fiat para a construção de uma montadora. O município, que é administrado pelo prefeito Herinque Fenelon (PCdoB), também poderá passar para as mãos de um socialista. O deputado Aluizio Lessa (PSB) foi o escolhido para enfrentar o sucessor de Fenelon, cuja gestão está desgastada. Outro nome que tem a simpatia do governador é do vereador Carlos de Joca (PSB), um antigo aliado de Eduardo.
Em nome do projeto nacional, o PSB vai ter que administrar conflitos no Cabo, Ipojuca, Petrolina, Santa Cruz do Cabiparibe, Moreno e Igarassu. No Recife, a situação ficou mais complicada para o prefeito João da Costa com a chegada do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB). Uma decisão que não ficou apenas na estratégia de trocar o domicílio do ministro de Petrolina para o Recife. Para consolidar o nome, Bezerra Coelho entrou no processo fazendo duras críticas à gestão do petista. E apesar de ter arrefecido o discurso, os socialistas garantem: ele é candidato. Dentro de um quadro geral, os “aliados” têm tido pouco poder de reação aos ataques socialistas.
O objetivo do partido é ter o apoio irrestrito no maior número possível de cidades pernambucanas, em 2014. Ontem, quando participou do lançamento do Anuário dos Municípios Pernambucanos 2011, o governador fez um discurso com tom municipalista. Buscou principalmente fortalecer o debate sobre a capacidade de gestão dos prefeitos para lutar por questões nacionais, a exemplo da distribuição dos royalties do pré-sal. “Acredito no diálogo. Existe uma margem crescente do pré-sal que é possível distribuir, respeitando o pacto federativo”, destacou o socialista.
Na recepção dos convidados, o prefeito de Lajedo e presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Antônio João Dourado (PSB), que é um dos focos de conflito da base governista. O nome dele caiu de para-quedas na disputa pela Prefeitura de Garanhuns, o que lhe rendeu o rótulo de forasteiro. “A minha candidatura não é uma imposição. Foi uma decisão discutida com o partido e vou trabalhar para que a unidade não seja quebrada”, disse
A gota d´água
O governador Eduardo Campos (PSB) e o prefeito de Jabotão Elias Gomes (PSDB) mantiveram uma boa parceria administrativa desde que o tucano assumiu o comando do município em 2006, a ponto de se dizer que Elias sempre estava a um passo de se tornar um governista de papel passado.
Ao longo do processo sucessório de 2010, por exemplo, Elias, para se manter nas boas graças do governo do estado, postergou até onde pôde o seu apoio à candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) à sucessão estadual.
Muitos dos afagos do governador em relação à gestão de Elias pode-se creditar ao relacionamento amigável de Eduardo com Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB.
Mas quando traçou o mapa do crescimento do PSB no estado, o governador viu em Jaboatão uma oportunidade para o seu partido, sobretudo porque o governo estadual tinha obras importantes no município, e despachou para lá o deputado estadual João Fernando Coutinho com domicílio eleitoral devidamente transferido.
Eduardo manteve a situação em banho-maria até o dia que Elias começou a veicular pela televisão sua propaganda institucional mostrando obras executadas pela prefeitura, em parceira com o estado, sem nenhuma referência ao governador.
Aí, o tempo fechou. Eduardo ficou enfurecido e Elias deu ao governador a oportunidade que ele estava esperando. Agora, com a pré-candidatura de Coutinho a prefeito de Jaboatão, Eduardo começa a tirar do discurso de Elias todas as obras que o estado realizou no município
Tags: eduardo campos, escalada, estrangeiros, estratégicas, prefeituras, PSB
Fonte:http://blogs.diariodepernambuco.com.br/politica/?p=15123#more-15123
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