quinta-feira, 17 de maio de 2012

Lula é o mais aplaudido no evento

QUATRO ex-presidentes participaram do ato

BRASÍLIA (AE) - Dos quatro ex-presidentes que compareceram ontem à cerimônia de instalação da Comissão da Verdade, no Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva foi o mais aplaudido. Antes de cair no choro, a presidente Dilma Rousseff chegou a interromper as apresentações para engrossar a claque, gesto que não repetiu para os demais convidados, embora tenha citado até mesmo a contribuição do ex-presidente Fernando Collor em seu discurso.

“Essa é a única Comissão da Verdade do mundo que surgiu de baixo para cima. Foi do povo para o povo”, disse Lula, após a solenidade, com a voz em tom mais baixo do que o habitual por causa do tratamento para combater um câncer na laringe. “Foi um passo estupendo que a sociedade brasileira deu hoje (ontem), na conquista da democracia”.


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também elogiado no discurso de Dilma, devolveu o afago. “Ela está tratando esse assunto como deve ser: uma questão de Estado, e não de política. Reconheceu que cada um fez um pedacinho”, afirmou FHC. “Nós enfrentamos um longo processo para chegar até aqui, no sentido de buscar a verdade e, ao mesmo tempo, de abrir as portas para uma reconciliação”. O cerimonial do Planalto temia vaias a Collor, que sofreu impeachment em 1992, no rastro de denúncias insufladas pelo PT, e hoje é aliado do Governo no Senado. Dilma, porém, criou uma vacina contra possíveis constrangimentos ao mencionar que, no mandato de Collor, foram abertos os arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo e do Rio.


Depois da cerimônia, Dilma recebeu Lula, Fernando Henrique, Collor, José Sarney, ministros e os sete integrantes da Comissão da Verdade para um almoço no Palácio da Alvorada. O alvo do trabalho do grupo deve ser mesmo a investigação das violações de direitos humanos cometidas por agentes de Estado no período da ditadura militar (1964-1985).


“Essa investigação não tem como objetivo botar ninguém na cadeia, mas tem, sim, a tarefa de impedir que fatos como os que ocorreram não se repitam”, insistiu Fernando Henrique. “Uma coisa é a Justiça e outra, a memória. Claro que cada um dará a interpretação que quiser, mas os fatos não podem ficar escondidos”.

Fonte: http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2012/Maio/17_05_2012/0067.html

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