Nas oficinas, as crianças aprendem a criar vários objetos com cola e papel
Os olhos tão exigidos pela sociedade passam a assumir papel coadjuvante e o amor pela arte supre a ausência daquele sentido tão solicitado. Quatorze alunos de escolas públicas municipais da Capital Pernambucana, todos com deficiências visuais, desfrutam de oficinas de artes plásticas no Museu da Cidade do Recife, nesta quinta-feira (11), e aprendem um oficio extremamente belo.
Não apenas pela aparência, mas por sua essência, o que os jovens passam a criar pode possibilitar uma nova nuance às suas vidas. Talvez, um novo sentido para inspirar suas realidades. A responsável pela iniciativa, uma francesa que mora no Brasil há 15 anos, e que já rodou o país fotografando a cultura tupiniquim, resume como “indescritível” a felicidade de perceber a alegria das crianças.
Retiradas das páginas do livro “Paisagem”, publicado por Dominique Berthé no ano passado e que retrata os enquadramentos prediletos da artista plástica no Nordeste do país, como plantações de cana de açúcar e texturas corporais de brasileiros, diversas fotografias constituem uma exposição de título homônimo ao livro no museu. A exposição inspirou a artista a mostrar sua arte aqueles que não podem ver.
“Percorri diversos lugares no Nordeste desde quando cheguei e essa exposição reúne a essência do meu carinho pela região. Ver essas crianças podendo sentir a minha emoção me emociona muito”, comentou Berthé. Nas oficinas, as crianças aprendem a criar vários objetos com cola e papel. A artista pede ainda para que as crianças que têm pouca visão fechem os olhos e escutem músicas para poder se inspirar.
Para o estudante Fernando Lima de 12 anos, a arte pode ser uma segunda profissão. “Quero ser policial quando crescer, mas também gosto muito de desenhar e nunca vou parar de fazer isso. Gostei muito da oficina”, disse.
Já para Fernandes Mendes, 16, ser artesão é seu grande sonho. “Eu gosto muito de pintar, mas as vezes não gosto do resultado. Recomeço e nunca desisto porque todo mundo aprende errando. Gostei bastante da oficina porque aprendi bastante”.
Segundo a professora Rosana Paiva, que acompanhou sete alunos da Escola Municipal Padre Antônio Henrique, a atividade é muito positiva. “Eles se sentem valorizados. É um trabalho feito para eles. Geralmente, as pessoas não pensa muito naqueles que não podem ver, mas essa oficina mostra que eles existem e podem fazer coisas maravilhosas.”
Amanhã, será a vez de alunos da Escola Municipal Engenho do Meio participar da oficina. Já a exposição segue no museu até o dia 30 deste mês.
Fonte:http://www.folhape.com.br/cotidiano/2016/8/alunos-com-deficiencia-visual-fazem-oficina-de-artes-plasticas-no-recife-0201.html
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