Felipe Ribeiro/Folha de Pernambuco
O Dia Mundial do Ciclista, comemorado nesta sexta-feira (15), ainda não pode ser celebrado com tanto entusiasmo. Problemas que vão desde a mobilidade urbana à educação no trânsito dos motoristas. Com o objetivo de conscientizar os futuros ciclistas, alunos da rede pública participam de atividades de educação para trânsito de bicicletas com o projeto Bike na Escola, que vai até esta sexta.
Menos de 1% de malha viária no Recife tem espaço para os ciclistas. Para a produtora cultural Gaia Lourenço, 24, a data também não é sinônimo de comemoração. No caso dela, faltou atenção por parte do motorista. Ela estava no canto direito da pista, no sentido dos demais veículos, também no Espinheiro, quando um carro entrou numa rua proibida sem olhar. “Ela bateu em mim com o carro na lateral. Fui jogada para frente. Tive um arranhão no braço. A mulher disse que não tinha me visto”, relembrou a jovem.
Segundo dados do Hospital da Restauração (HR), principal emergência do Estado, no primeiro semestre de 2013, houve um aumento de 27,27% no número de atendimentos a acidentes de trânsito, envolvendo bicicletas. Naquela época, esse número foi atribuído à implantação das ciclofaixas móveis.
“O que falta no Recife é a gestão abraçar e entender que a bicicleta é parte da resolução do problema de mobilidade urbana”, opinou a coordenadora de Respeito e Educação no Trânsito da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo), Cristiane Crespo.
Segundo ela, insistir no modelo rodoviarista é ultrapassado. “Para piorar ainda mais a situação, os rumos das políticas continuam privilegiando a circulação de automóveis. São corredores exclusivos para ônibus, redução de velocidade nas vias. Há um grande incentivo para isso”, afirmou Cristiane, acrescentando que o ciclista precisa de uma estrutura cicloviária favorável para se locomover pela cidade sem ser prejudicado pelo aumento da frota de veículos.
Futuros ciclistas sendo preparados
Pela lei, os ciclistas devem utilizar ciclofaixas, ciclovias e acostamentos. Nunca andar na contramão, considerada uma infração grave de trânsito. O ideal também é que não fique muito colado ao meio-fio, para facilitar a visão dos motoristas e ficar sempre atento com portas de veículos abrindo.
Essas e outras noções de equilíbrio, regras de trânsito, por meio de oficinas e atividades lúdicas, foram repassadas a 200 estudantes das Escolas de Referência em Ensino Médio José Vilela, em Parnamirim, e Silva Jardim, no bairro do Monteiro, desde a última terça-feira até esta sexta.
"Esses jovens serão multiplicadores desta causa. Acreditamos que projetos como este ajudarão nesta conscientização", afirmou a coordenadora Socioambiental do Plaza, Jakeline Soares.
Com aulas teóricas e práticas, o “Bike na Escola”, um projeto do Plaza Shopping, em parceria com as Secretarias de Turismo, Esportes e Lazer e de Educação do Estado, está sendo aplicado por monitores especializados e propõe a inserir na educação extracurricular o tema Mobilidade Urbana Sustentável.
A estudante Taluana Lidiane da Silva, 16 anos, aprovou a iniciativa. "Colocarei em prática as regras que aprendi quando andar de bicicleta. Se todas as pessoas pudessem ter a noção que estamos tendo aqui o trânsito seria diferente", disse a garota.
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