quinta-feira, 30 de outubro de 2014

As origens da família nordestina e a sandice do preconceito pós-eleições

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Nesta quarta-feira (hoje), o médico e pesquisador Candido Pinheiro Koren de Lima, também fundador do Sistema Hapvida Saúde, discutiu a “Origem do Povo Nordestino”, na Academia Pernambucana de Medicina, no Derby, trazendo uma análise desse estudo com o preconceito contra os nordestinos, que se espalhou pelo país depois da reeleição de Dilma, vitoriosa na região.
Até agora, Pinheiro já lançou três obras: “Simões Colaço”, “Os Liras o nome e o sangue – uma charada familiar no Pernambuco Colonial” e “Albuquerque: A herança de Jerônimo, o Torto”. A pesquisa para produção dos livros foi possível graças à captação de recursos via Lei Rouanet (Ministério da Cultura), com o patrocínio do Hapvida.
Metade da tiragem de cada um dos dez volumes (ao todo, 500 exemplares de cada título), que compõem a “Coleção Borges da Fonseca”, será distribuída gratuitamente para instituições de ensino, institutos históricos, universidades e para promoção dos estudos genealógicos, tanto no Brasil como em Portugal e na Espanha. Antônio José Vitoriano Borges da Fonseca nasceu no Recife, em 1718. Foi governador e capitão-geral da capitania do Ceará, no período entre 1765-1782. Borges da Fonseca morreu em abril de 1786 e foi sepultado no Mosteiro de São Bento de Olinda.
Veja abaixo:
Por Candido Pinheiro, médico e pesquisador
Do período colonial aos dias de hoje, milhares de histórias permeiam a genealogia de famílias que contribuíram para a formação do povo nordestino. Em recente pesquisa, que resultou em dez volumes da Coleção Borges da Fonseca, fiz um minucioso e completo estudo, realizado nos últimos 20 anos, traçando os entroncamentos das famílias brasileiras, sobretudo as do Nordeste, que perpetuam raízes mundo afora, através de seus descendentes.
A formação do nosso povo é marcada por influências de diversas culturas, costumes e religiões que foram responsáveis por definir quem somos. Aspectos e ligações que podem até mesmo nos surpreender, como o fato de termos uma origem que nos enlaça com o povo judeu.
Com a pesquisa, constatei, também, que 97% da população nordestina, do período colonial e da atualidade, portam em si, ainda, o sangue negro muçulmano da África do Norte e muçulmano semita. Ao lado disto, 80% possuem o sangue indígena e 2% do sangue negro subsaariano escravo.
A formação do homem nordestino, aliás, é basicamente igual a de todo o homem brasileiro, com diferença apenas nas influências das imigrações mais recentes , como a alemã, a japonesa e a italiana, que chegaram a diferentes pontos do país, fixando suas raízes e deixando suas marcas. São brasileiros que constituem famílias e disseminam suas origens diversas pelo Brasil e pelo mundo.
E quem, afinal, é o homem nordestino? É essa heterogeneidade de todos os povos que aqui se misturaram desde a colonização e esse conjunto que forma um povo mestiço. É a essência de todo e qualquer brasileiro, inclusive. Não há razão para preconceitos, sequer achar que algum pedaço do Brasil é diferente quanto à sua gente.
Não se pode admitir aversão a qualquer povo, como estamos vendo, agora, com o fim das eleições presidenciais no Brasil. Preconceito, infelizmente, existe desde que somos gente. Sempre existiu e sempre vai haver. Porque nós nascemos e fomos criados como brancos, mas a grande surpresa é descobrirmos que não há pureza racial.
E tanto o Sul-Sudeste quanto o Nordeste são marcados na nossa história por dificuldades. Por aqui, além de climáticas, muitas vezes, a problemática foi política. O Nordeste tinha um contingente enorme de pessoas que estavam na miséria. O que Dilma Rousseff fez foi justiça, pois deu a quem mais necessitava.
Por que não fizeram antes? Poderia ter sido o PSDB ou outro partido a fazê-lo, mas isso não aconteceu. Todo esse preconceito disseminado após a eleição da presidenta Dilma é basicamente uma sandice. O povo mostrou nas urnas ser grato. Não sou nem nunca fui eleitor do PT ou da presidenta, mas há de se reconhecer o que ela fez.
Fonte:http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2014/10/29/origens-da-familia-nordestina-e-sandice-preconceito-pos-eleicoes/

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