segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Pernambuco ajudou na redemocratização

Por Daniel Leite
Da Folha de Pernambuco
Na manhã do dia 15 de janeiro de 1985, a vitória do mineiro Tancredo Neves nas eleições indiretas para Presidente da República encerrava o ciclo de duas décadas de ditadura. Naquele momento, a influência de lideranças da política pernambucana foi crucial para a derrota do candidato do governo, Paulo Maluf, no colégio eleitoral. Nas ruas e no Parlamento, a correlação de forças dos diferentes grupos políticos que atuavam no Estado interferiu diretamente na conquista da redemocratização.
A transição começou a ser costurada em 1979, com o enfraquecimento do regime militar. Sob o comando do general-presidente João Figueiredo, o governo iniciava um processo de abertura gradativa. Com o fim do bipartidarismo e a promulgação da Lei da Anistia, o recém-criado PMDB abrigava líderes pernambucanos, como Miguel Arraes, Jarbas Vasconcelos, Luciano Siqueira, Marcos Freire e Fernando Lyra.
A sigla também contava com membros do Partido Comunista e do PCdoB, que permaneciam na ilegalidade. De acordo com o vice-prefeito do Recife (ex-preso político), Luciano Siqueira (PCdoB), o clima interno no PMDB era de união. “A ideia das eleições diretas para presidente atraía a maioria das forças políticas, incluindo setores do governo que iam se desgarrando da base”, conta Siqueira.
Em 1984, milhões de pessoas foram às ruas na grande campanha pelas “Diretas Já”. No entanto, apesar da grande mobilização popular, a emenda Dante de Oliveira, que reestabelecia as eleições diretas, não foi aprovada no Congresso. Com a derrota, a oposição começou a pensar na disputa no Colégio Eleitoral, em 1985.
Neste momento, o PMDB pernambucano ficou dividido. Jarbas Vasconcelos e Fernando Lyra, antigos fundadores do grupo “autênticos” do MDB, divergiam com relação ao apoio à candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. “Jarbas não queria ir ao colégio eleitoral. Já Fernando foi o principal interlocutor da campanha de Tancredo”, explicou o cientista político Délio Mendes. Por fim, Jarbas decidiu não comparecer no dia da eleição. “Eles tinham posições diferentes. Hoje, ele se arrepende de não ter votado em Tancredo”, ressaltou Mendes. Com a articulação de Fernando Lyra, Tancredo venceu o candidato do governo, Paulo Maluf, por 480 votos contra 180.
Fonte:http://www.folhape.com.br/blogdafolha/?p=195204

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