Protótipo do novo modelo será apresentado para aprovação ao Cemit
Com um atraso de quase dois anos, a primeira placa com a adoção do novo modelo de alerta para ataques de tubarão será, enfim, instalada no litoral pernambucano no dia 3 de agosto. O modelo é o mesmo apresentado em coletiva à Imprensa sobre o caso do turista atacado em Fernando de Noronha. O local escolhido para implantar o equipamento, de roupagem mais atrativa, será a cidade de Olinda, no Grande Recife, nas imediações do antigo bar Marola.
O trecho será o ponto de partida para dar sequência à instalação das 110 placas, cuja concentração será maior nas praias de Boa Viagem e Piedade, no Recife. O quantitativo inclui 20 placas a mais que as existentes atualmente nos 50 km de orla que ligam Olinda ao Cabo de Santo Agostinho. A estimativa é que todos os equipamentos sejam instalados em dois meses.
O protótipo do novo modelo será apresentado para aprovação ao Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), vinculado à Secretaria de Defesa Social, ainda no início da próxima semana antes de ser, enfim, conhecido pelos banhistas. De acordo com o presidente do Cemit, o coronel Clóvis Ramalho, nesta primeira remessa serão confeccionadas 88 placas. Logo em seguida, mais 22, totalizando 110 equipamentos.
"O material é diferenciado e resistente, com uma durabilidade de cerca de dez anos. A instalação definitiva das novas placas, em substituição às antigas, iniciará no fim da próxima semana e seguirá conforme cronograma da empresa contratada", afirmou. Os materiais, importados, seguem o mesmo padrão de qualidade das placas existentes nas praias da Austrália.
Só Olinda contará com oito placas fincadas em pontos estratégicos da orla, como a praia de Del Chifre, por exemplo. Logo após, A gestão estadual dará seguimento às praias de Brasília Teimosa, Pina, Boa Viagem e Piedade. A última a receber será a praia do Paiva. "Instalada a primeira placa, será dada a partida para a produção em escala. A velocidade de produção será muito rápida. Dois meses são suficientes para que todas as placas sejam fincadas em toda a orla, de Olinda ao Paiva", garantiu Elber Autran, responsável pelo setor comercial da Sales Gráfica, empresa contratada para produzir e instalar as novas placas. Elas serão fincadas em bases de concreto para evitar o risco de tombamento, no caso de ventos fortes. Hoje, as placas são fincadas na areia.
Ataques
Com o caso do turista paranaense Márcio de Castro Palma da Silva, atacado no dia 21 de dezembro passado, em Fernando de Noronha, é o 61º ataque de tubarão registrado no Estado. Conforme a estatística da SDS-pe, já foram registradas 24 mortes por este tipo de ataque desde 1992. O último caso havia ocorrido na Praia Del Chifre, em Olinda, Grande Recife, e deixando ferido o surfista Diego Gomes Mota, de 23 anos. Ele foi atacado na face anterior da coxa esquerda, enquanto estava no mar com dois amigos.
Já a última morte ocorreu em julho de 2013, quando a estudante paulista Bruna Silva Gobbi, de 18 anos, foi atacada na Praia de Boa Viagem enquanto nadava a cerca de 20m da faixa de areia. Ela foi mordida na coxa esquerda e, além de perder muito sangue, sofreu paradas cardiorrespiratórias durante o seu atendimento. Bruna, que morreu na noite do mesmo dia do ataque, foi levada à UPA da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, e depois ao Hospital da Restauração, no Derby, no Centro.
Orla
A Folha de Pernambuco percorreu desde a orla de Boa Viagem, na altura do Parque Dona Lindu, até as imediações de Brasília Teimosa. As placas estão pichadas, quebradas, enferrujadas devido à maresia e, em sua maioria, o letreiro perdeu a cor devido à ação do tempo. Durante toda a orla, apenas três placas maiores, contendo orientações mais completas, foram vistas. Porém, são lidas com dificuldade por estarem em mal estado de conservação. Algumas placas, inclusive, estão completamente apagadas, sem deixar nenhum sinal de que havia alguma informação nelas. Frente e verso.
É o que ocorre no trecho em frente à pracinha de Boa Viagem, por exemplo. Lá, a placa está totalmente branca. Tanto o aviso padrão "Perigo: Área sujeita a ataque de tubarão" como o desenho ilustrativo do animal sumiram. Ironicamente, o aviso próximo à placa "A orla está cada vez melhor para você desfrutar cada vez mais", destoa com o cenário encontrado. Só mais à frente, apenas uma bandeira vermelha sinaliza que o ponto é propício a ataques. Sinal esse desconhecido para quem não é recifense. A paulista Diva Medeiros, 66, tomou conhecimento do significado da bandeira vermelha por meio do jornal. "Gente, até me assustei. Não fazia a mínima ideia de que essa parte é perigosa nem que a placa era, um dia, um aviso de alerta. Não tem ninguém para orientar sobre isso? Um salva-vidas", criticou.
O estado em que se encontram as placas atuais também foi alvo de crítica do professor Teófilo Mariano, 53. "O Governo investe em tanta coisa, mas esquece da segurança dos banhistas. Eu mal vejo postos salva-vidas. Essas placas mesmo, o Governo promete substituir não é de hoje. A gente fica à própria sorte", reclamou. Já a auxiliar administrativa Andreza dos Santos, 24, acredita que, mesmo com a instalação das novas placas, de nada vai adiantar para os banhistas. "As pessoas têm a mania de ignorar. Acham que nunca vai acontecer nada com elas. Claro que toda informção é válida, mas até hoje as pessoas não aprenderam", ponderou.
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