sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Cultura privatizada em Jaboatão. Artistas e artesãos estão sem receber há meses


Foto: Paulo Santos

A Gazeta Nossa tem publicado, aqui e ali, denúncias esparsas de artistas e de oficineiros que estavam sem receber seus contratos há muitos meses. Erik Martins, um oficineiro do Córrego da Batalha, inclusive, diz também que foi demitido após se expressar na Gazeta Nossa.

Pois agora a coisa ficou mais séria. Oficineiros e coordenadores de todos os Núcleos de Ações Culturais reuniram-se para denunciar que todos estão sem receber, alguns prestes a completar seis meses sem ver a cor de seus salários. Confirmam também as denúncias anteriores de que não há material para as práticas com jovens e adolescentes, o que está esvaziando o projeto pois as crianças e jovens, sem estímulo, acabam por abandonar as aulas.

Os oficineiros e coordenadores estiveram na sede da Prefeitura Municipal de Jaboatão neste dia 20 de setembro, quinta-feira, tentando resolver o problema, mais uma vez sem sucesso. Presentes representantes dos NAC do Curado, de Prazeres, Corrego da Batalha, Santo Aleixo e Cavaleiro.

Um dos mais inconformados foi Waldeck Farias, dançarino que leva o nome de Jaboatão a todo o Brasil em sucessivas apresentações em vários programas de televisão, e sente-se magoado com a desatenção do governo municipal: "Temos cadastradas 700 pessoas, sendo 200 somente no balé. Até o prédio onde funciona o NAC fomos nós que disponibilizamos, então a prefeitura não tem custo com isso, mas não cumpre sua parte, que é pagar a esses profissionais", reclama. Na média, cada NAC atende a cerca de 100 crianças diariamente.
Os valores devidos de cada NAC, referentes a oficineiros e coordenadores, chega a uma média de R$ 4.500,00, segundo os representantes presentes na prefeitura.

Ainda segundo eles, está havendo uma privatização do contrato com a prefeitura, pois são informados que quem tem de pagar é uma empresa terceirizada, para a qual é repassado o valor. Edmundo Pereira, músico e oficineiro de Hip Hop, diz que "A prefeitura diz que liberou a verba para uma empresa chamada IEDI, mas ninguém sabe o endereço ou telefone, nem quem são os responsáveis por esta empresa".

Outros artistas de Jaboatão relatam o mesmo problema da privatização, desta vez com a empresa de Antônio Bernardi, a
ABPA Produções. Segundo a Banda Shampoo, ainda não receberam nem a participação no Carnaval nem na Festa da Pitomba. A alegação seria a mesma: o dinheiro das festas teria sido repassado à empresa, mas os músicos ainda não receberam. O Grupo RPE também declara que ainda não recebeu pela sua participação na Festa da Manga, realizada em junho em Comportas.

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