segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Projeto “Esqueça um Livro” oferece conhecimento por meio da gentileza

Iniciativa visa estimular pessoas a manterem hábito da leitura e a incentivar novos leitores


Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco
Participantes deixam uma obra em um determinado local para que outra pessoa leia. O livro vem com um bilhete explicativo.
 Você esquece um livro. Quem o encontra, leva para casa e depois esquece também. Assim o conhecimento se espalha. O estudante Ricardo Américo, 23 anos, vivenciou uma experiência curiosa no último dia 25. No caminho de volta para casa, encontrou um livro em um dos assentos do ônibus. Na capa, havia um bilhete inusitado: “Ei, você que achou este livro, agora ele é seu. Escolhi este livro ‘Crônicas da Família’ porque quero que tenha um instante de paz em meio às turbulências diárias”.


O autor da iniciativa que aconteceu no Recife é anônimo, mas Américo não hesitou em retribuir a gentileza no dia seguinte e “esqueceu” outro livro com apenas um objetivo: incentivar a leitura, que é a peça-chave do projeto “Esqueça um Livro”. A iniciativa de estimular as pessoas a manterem o hábito da leitura é um dos grandes projetos do jornalista paulista Felipe Brandão, 32 anos. Ele explicou como nasceu a ideia do “Esqueça um Livro”, concebida em abril de 2014.
“Já conhecia o ‘BookCrossing’, que surgiu nos Estados Unidos, que é um conceito de esquecer livros para pessoas em locais públicos. Sempre tive vontade de fazer algo parecido, mas o dia a dia acabava impossibilitando”, disse Brandão. No ano passado, percebeu que a estante dele estava abarrotadade livros e precisava dar um destino às obras literárias. “Ao invés de comprar uma nova, achei que era o momento de desapegar. Quando comecei, meu objetivo era esquecer os livros da minha própria estante, sem grandes pretensões”, explicou o jornalista.
Jedson Nobre/Folha de Pernambuco
Ricardo Américo encontou um livro dentro do ônibus
O projeto, que foi iniciado em São Paulo, tomou outras proporções. A iniciativa chegou a diversas cidades brasileiras, inclusive no Recife.

“Isso é extremamente gratificante. Acredito no poder transformador da leitura. Um bom leitor é capaz de refletir sobre si e o mundo que o cerca”, opinou Brandão. Ele ainda ressaltou que não há uma data especial para a próxima edição do “Esqueça um Livro”. A ideia, avaliou, é que cada um esqueça no dia a dia, sem que seja necessário um evento específico. “Criamos esses eventos para chamar a atenção para o projeto. A primeira edição, que aconteceu em São Paulo, esquecemos mais de mil livros num único local”, contou.
No Recife, um dos presenteados foi o estudante de arquitetura Ricardo Américo. “Estava voltando para casa e encontrei um livro com um bilhete. A princípio, achei que tinham esquecido e fui entregar ao cobrador. Mas quando li o recado, percebi que o livro era meu”, brincou o estudante, que aprovou o projeto e compartilhou, já no dia seguinte, o livro Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis em 1899.
“Apesar de estar acostumado a ler livros sobre ficção, fui desafiado a me interessar pela obra ‘Crônicas de Família’. Quando acabá-lo, vou repassar para outras pessoas terem a mesma oportunidade que eu tive”, comentou o jovem.
Pesquisa
Um levantamento feito em 70 cidades brasileiras de nove regiões metropolitanas revelou que sete em cada dez pessoas não leram um livro sequer em 2014.
Fonte:http://www.folhape.com.br/cotidiano/2016/2/projeto-esqueca-um-livro-oferece-conhecimento-por-meio-da-gentileza-0321.html

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