Vacina contra "presentes de grego"
Rosália Rangel
Recife, quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Presidente aproveita visita oficial para criticar o estímulo a projetos que criam despesas para o governo
Cupira – Os investimentos em andamento em Pernambuco e os projetos que estão para chegar no estado têm colocado a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Eduardo Campos (PSB) numa sintonia cada vez mais afinada. Um quadro oposto à preocupação exposta em reserva recentemente por lideranças petistas, que se mostravam preocupadas com o fortalecimento da imagem do socialista nacionalmente. Ontem, no Agreste pernambucano, pela troca de afagos entre os dois, foi possível perceber o roteiro que irão seguir até 2014.
Dilma promete governar vencendo desafios, principalmente nas áreas da saúde, educação e segurança. Uma caminhada na qual Eduardo promete estar presente. Mas antes de chegar a Cupira, ainda no aeroporto de Caruaru, a petista concedeu uma entrevista a duas emissoras de rádio e deixou claro que não quer receber dos gestores (prefeitos e governadores) o que ela chamou de “presente de grego”.
Dilma usou tal definição ao ser questionada sobre a Emenda Constitucional 29, que obriga estados e municípios a destinar um percentual de pelo menos 9% para saúde. Na campanha de 2010, a então candidata Dilma Rousseff defendeu a regulamentação da emenda. Hoje, tem um posicionamento diferente. “Acho uma temeridade alguém achar que só se aprovando uma lei você resolve o problema da saúde”. Na interpretação da presidente, “presente de grego” seria os gestores projetarem investimentos para o setor sem saber de onde tirar os recursos.
“O presente que eu quero para a saúde é que o nosso povo tenha atendimento gratuito, universal e de qualidade. Considero que o momento da crise internacional não está propício para que se aprove despesas sem dizer de onde saiu os recursos”, alertou a petista, que pretende dar a mesma atenção para segurança e educação. Dilma também foi abordada sobre a PEC-300, outro calo do seu governo, mas não fez qualquer comentário sobre o assunto.
Já em Cupira, a presidente manteve o discurso favorável ao governador, a quem chamou de “querido amigo”. Não economizou palavras para demonstrar o sentimento de solidariedade às famílias da enchente que atingiu os municípios da Zona da Mata Sul, em 2010, e o esforço do socialista para conseguir verba junto ao governo federal para sanar os problemas da população. Em outro momento, destacou o papel de Pernambuco no ciclo de crescimento do país e reafirmou o compromisso de manter obras importantes para o estado, a exemplo do Estaleiro Atlântico Sul, a Refinaria Abreu e Lima e Transposição do Rio São Francisco.
Eduardo Campos, por sua vez, fez questão de ressaltar que as obras das cinco barragens que serão construídas no estado só foram possíveis por conta da decisão política da presidente de liberar recursos para a construção dos reservatórios. “Uma decisão que a senhora tomou com a consciência, mas sei que decidiu com o coração também”, frisou o socialista.
Em Cupira, Dilma esteve acompanhada dos ministros da Educação, Fernando Haddad, de Comunicação, Helena Chagas, da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho e das Cidades, Mário Negromonte, este último envolvido na denúncia de oferecimento de propina para resolver problemas internos do PP e uso de dinheiro da Câmara dos Deputados para pagar uma companhia aérea.
Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2011/08/31/politica1_0.asp
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