Sala de aula invertida prevê que estudante busque conhecer o conteúdo antes da lição na escola
Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco
João Arthur vai a museus para conhecer melhor a história contada na aula. “Busco maneiras interessantes e que chamam minha atenção"
Será que implantar outro tipo de ensino nas escolas brasileiras é possível? Estudiosos da área de educação creem que sim, a sala de aula invertida. Nela, o aluno é protagonista e estuda de forma mais autônoma, com o apoio de tecnologias, do potencial educativo de museus e livros ilustrativos.
O método da inversão prevê que o aluno aprenda os assuntos no aconchego de casa. Já na sala de aula, aproveitará o tempo para fazer atividades ou desenvolver projetos. Segundo especialistas, o modelo é uma forte tendência de ensino reconhecida e aplicada nas melhores universidades do mundo e que está chegando às instituições do País.
A metodologia é reconhecida e utilizada por algumas das mais importantes instituições de ensino, como o Massachusetts Institute of Technology e as universidades de Michigan e de Harvard, nos EUA. O método é adotado ainda em escolas da Finlândia e vem sendo testado em países de alto desempenho em educação, como Singapura, Holanda e Canadá.
Em Harvard, nas classes de cálculo e álgebra, alunos inscritos em aulas invertidas obtiveram ganhos de até 79% na aprendizagem do que os que cursaram o ensino tradicional, em que o professor expõe o conteúdo e os alunos anotam explicações para, em seguida, estudar e fazer exercícios.
A doutora em Educação Andrea Ramal acredita que o modelo educacional pode dar certo no Brasil. “É um exemplo do futuro. O aluno não aguenta mais longas exposições na sala de aula e o próprio professor fica extenuado por dar a mesma aula até oito vezes por dia, para turmas diferentes.”
A educadora diz ainda que, na sala invertida, o aluno estuda no seu ritmo e o encontro presencial com o professor é revalorizado. “O aluno de hoje quer estudar com materiais interativos, videoaulas, ambiente digital. O professor se torna um orientador do plano de desenvolvimento de cada estudante.
A metodologia é ativa e o aluno se torna o protagonista”, afirma. “A barreira é a certa falta de cultura do aluno de estudar sozinho. Esse método depende de que leituras prévias e videoaulas sejam assistidas antes da aula presencial”, esclareceu Andrea. Caso contrário, destacou, o encontro na sala de aula não rende.
Protagonistas
A estudante Maria Clara Rocha, 12, acha que o ideal era o aluno interagir com o conteúdo na prática e, enquanto faz as atividades, poder debater e tirar dúvidas. Aluna do 7º ano, ela assiste a videoaulas na internet e lê livros para se inteirar do assunto antes da aula. “Se fosse assim, seria menos tempo com explicações e iríamos à aula para tirar dúvidas e resolver questões. As aulas seriam mais participativas.”
Amante da arte, o estudante João Arthur, 13, também busca outras fontes para complementar o conhecimento. Vai a museus para conhecer melhor a história contada na aula. “Busco maneiras interessantes e que chamam minha atenção, como a internet”, diz.
Fonte:http://www.folhape.com.br/cotidiano/2016/3/aluno-protagonista-do-conhecimento-0534.html
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