Pernambucanos de diversas áreas estão assumindo o papel de motorista remunerado do próprio carro
Arthur Mota/Folha de Pernambuco
Mesmo quem está empregado tem sofrido com a queda da renda no Brasil, diante da escalada da inflação e da crise econômica. De janeiro de 2014 ao mesmo mês de 2015, o rendimento da população da Região Metropolitana do Recife, por exemplo, encolheu mais de 10%. Com o bolso mais apertado, muita gente decidiu esticar o expediente e correr atrás de bicos para arrecadar uma grana extra.
De carona na popular e polêmica plataforma Uber, que já congrega mais de dez mil colaboradores no País, profissionais pernambucanos de diversas áreas estão assumindo o papel de motorista remunerado do próprio carro, nas horas vagas. A principal vantagem, para quem já tem um vínculo empregatício, é a flexibilidade do horário ou, como propagandeia a empresa, a possibilidade de “dirigir e ganhar quanto quiser”.
Recém-chegado no Recife, o Uber não divulga o quantitativo de motoristas na Cidade. Porém, basta solicitar o transporte para perceber que já são muitos interessados na proposta como uma oportunidade de rendimento complementar. Uma pesquisa conduzida pela própria empresa no Brasil mostrou que 29% dos motoristas parceiros se dedicam parcialmente à atividade. Para esses, a renda complementar é o principal benefício (80%).
É o caso de Higor Magelo, 23 anos. Há menos de um mês ele começou a dividir a rotina diária entre o expediente na Câmara de Vereadores de Olinda e as tardes como motorista do Uber. “Precisava ganhar um dinheiro ‘por fora’, pois minha renda de R$ 1 mil por mês não dava para muita coisa. Qualquer outro trabalho comprometeria meu compromisso no atual emprego ou exigiria que eu desistisse do curso técnico que faço à noite”, contou.
Para assumir o volante de forma profissional foram necessárias apenas algumas adaptações na documentação do carro, como a aquisição de um seguro de passageiros e um documento que comprovasse a realização de função remunerada para o motorista. Ele também fez cursos online, disponibilizados pelo próprio Uber. Com esse baixo investimento e poucas horas dedicadas à nova função, o ganho extra mensal é de cerca de R$ 500, já descontada a gasolina.
O supervisor de operações, Joaquim da Silva, 29 anos, também procurava uma forma de complementar o salário quando conheceu a proposta do Uber. A intenção é juntar dinheiro para cursar a faculdade de Direito, um sonho antigo de Joaquim. “Em quatro horas consigo lucrar R$ 120, descontado o combustível e a taxa de 25% cobrada pelo Uber. É muito mais lucrativo comparando com meu salário mensal de R$ 1,4 mil por nove a dez horas diárias”, calculou.
Vantajoso para os consumidores pelo preço mais em conta, o Uber não atrai apenas quem nunca conduziu um carro de forma remunerada, mas também abriu uma nova janela de oportunidades aos profissionais do volante. O motorista que vamos chamar de Cláudio preferiu não se identificar, por temer represálias de taxistas. Dono de uma van que transportava funcionários da Refinaria Abreu e Lima, ele sofreu um duro golpe no orçamento com o término do contrato da empresa, e viu sua renda cair de R$ 10 mil para cerca de R$ 2 mil por mês.
“O dinheiro do Uber é hoje a minha renda fixa, porque o da van se tornou incerto. Pago luz, água e faço a feira do mês com ele, eu posso dizer que não deixo as contas atrasarem graças ao santo Uber”, avaliou. “Os preços por quilômetro rodado são mais baixos, então o motorista precisa trabalhar mais horas. É onde entra o diferencial do serviço de cada colaborador de servir água, refrigerante ou doces para atrair mais passageiros”, contou.
Fonte:http://www.folhape.com.br/economia/2016/3/uber-atrai-profissionais-em-busca-de-renda-extra-0421.html
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