Por Raquel Freitas
Da Folha de Pernambuco
Da Folha de Pernambuco
“Existo, logo compro”. O trocadilho com a clássica frase do filósofo René Descartes se materializa à medida que a sociedade de consumo ganha novos adeptos. A compra por impulso é apenas um dos itens que leva inúmeras pessoas ao ato de consumir e, por consequência, aos gastos desnecessários. Então, se você não consegue sair de uma loja sem levar nada, gasta o limite do cartão de crédito com compras supérfluas ou ultrapassa o planejado, é importante ficar atento para não se transformar em um comprador compulsivo.
Apaixonado por lançamentos de roupas, produtos eletrônicos, perfumes e festas, o representante de moda Pedro César Rocha não mede esforços financeiros para ter o que deseja. “Se eu me interessar por alguma coisa, compro independente do preço. Se souber que um amigo viajou sou capaz de pedir para trazer algum produto só para aproveitar. Da última vez comprei um fone de ouvido e até hoje não usei”, declara.
Os gastos com o guarda-roupa multimarcas do representante chegam a comprometer boa parte do orçamento mensal. “Gasto com essas compras, por mês, o equivalente a R$ 800. Deixei de ter cartão de crédito justamente por não saber me controlar”, enfatiza Rocha. De acordo com dados da pesquisa da consultoria Nielsen, as compras por impulso representam 10% do faturamento do varejo no País.
Segundo o professor de Marketing da Faculdade Boa Viagem (FBV), Reginaldo Carlini, as compras por impulso acontecem no mercado de consumo com produtos atrelados aos bens de conveniência. “São compras, na maioria das vezes, sem planejamento, para uso próprio, sem aferir lucro. Geralmente os produtos são comprados com frequência, sem comparação e por um valor baixo”, comenta.
De acordo com o professor, pesquisas indicam que 85% das compras realizadas em lojas de autosserviço (sem ajuda do lojista) são efetivadas pela emoção. Carlini também ressalta a importância dos consumidores perceberem as estratégias das empresas para não cair nas “armadilhas” das compras impulsivas. “Os produtos mais caros estarão sempre na altura dos olhos dos clientes, conhecida como a área nobre. E, para mantê-los dentro do ponto de vendas, os empresários vão sempre investir nos itens da atmosfera de compra, que são as cores do ambiente, o cheiro e o som”, enumera.
Para tentar driblar a emoção, o professor de Mercados de Capitais da FBV, Roberto Ferreira, diz que, para não cair em tentação, o consumidor pode se precaver. “É fundamental quando for às compras (no supermercado) não estar de estômago vazio, não levar as crianças – pois elas tendem a influenciar os pais – e não se envolver com as propagandas”, orienta. Se nenhum desses conselhos der certo, ele ainda incrementa: “é só colocar uma pedra na sacola. Dessa forma, o consumidor se auto-enganará, pensando que já comprou tudo o que devia”, ressalta.
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