quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Edifícios-garagem são discutidos



Por Luiz Filipe Freire
Da Folha de Pernambuco

Numa cidade em que transitar é cada vez mais difícil, a construção de edifícios-garagem a partir de uma parceria público-privada (PPP) vem sendo discutida. Não que essa seja uma solução definitiva – como foi ressaltado, ontem, numa audiência pública realizada na Câmara Municipal do Recife. Trata-se, na verdade, de uma alternativa em prol de um melhor a­pro­veitamento do espaço urbano para usufruto de pedestres, ciclistas, usuários do transporte público e motoristas. O projeto prevê a construção de 17 estacionamentos verticais em 25 pontos da Cidade. Só a região Central vai contar com nove unidades, distribuídas entre os bairros do Recife, São José, Boa Vista, Soledade, Santo Amaro e Ilha do Leite. Na Zona Norte, Casa Amarela, Água Fria e Beberibe estão entre as áreas prioritárias, bem como os bairros de Boa Viagem e Afogados, na Zona Sul. Juntos, os prédios vão ter em torno de 14,6 mil vagas.

Também está prevista a implantação de um novo serviço de bilhetagem Zona Azul, além da capacitação de flanelinhas. Cerca de duas mil vagas reservadas para veículos de carga, pessoas com deficiência e idosos serão mantidas nas ruas. A previsão é de que esses prédios para estacionamento abram as portas em pelo me­nos cinco anos, a partir do início das obras, o que permanece sem previsão. O projeto, lançado em março, está na fase de consulta pública com base na proposta de uma empresa privada, que não será, necessariamente, a vencedora da PPP. O contrato de construção e manutenção será de 35 anos, a um custo de cerca de R$ 500 milhões.

Conforme Luiz Baltar, representante da Synthesis Empreendimentos, empresa que apresentou a proposta, o projeto não prevê o aumento do número de vagas de estacionamento no Centro e nas outras áreas atingidas, mas a transferência desses espaços para os edifícios-garagem municipais. “É como se fôssemos retirar das vagas de estacionamento das ruas o equivalente a uma fila contínua de carros daqui do Recife até Gravatá”, ressaltou.

A aposta para evitar que a população se sinta ainda mais estimulada a utilizar somente o automóvel está nas tarifas. O preço de R$ 2 cobrado na primeira hora aumentaria de acordo com o tempo que o carro permanecesse ocupando uma vaga numa dessas garagens. “Essa lógica é justamente oposta à dos estacionamentos particulares, que cobram mais caro pela primeira hora. Nossa intenção é estimular a rotatividade, ou seja, que os veículos passem menos tempo estacionados. Para se ter ideia, hoje, a média de ocupação de uma vaga no Recife Antigo é de apenas 2,13 vezes por dia”, argumentou Baltar.

Os espaços deverão contar com bicicletários, áreas de convivência, pontos comerciais, além de sistemas de acesso informatizados e uso de energia renovável. Outra pretensão é aproveitar esses estacionamentos à noite, permitindo que moradores do entorno deixem seus carros a um custo fixo mensal e dando apoio aos serviços de carga de estabelecimentos da região.

O presidente do Instituto da Cidade Pelópidas da Silveira, Milton Botler, deixou claro que o objetivo não é tão-somente suprir a demanda e ressaltou que a restrição ao estacionamento deve ser feito nas devidas proporções. “Não adianta fazer só para suprir a demanda, até porque ela só faz aumentar a cada ano. E restringir demais pode gerar a desertificação dessas regiões. A intenção é, acima de tudo, utilizar esse espaço que hoje é ocupado por veículos parados para ampliar calçadas, implantar ciclovias e abrir corredores de ônibus. É importante que o usuário estacione seu carro e possa fazer conexões com outros modais de transporte”, destacou.


Fonte:http://www.folhape.com.br/blogdafolha/?p=64702

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