segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Enxergando além das vantagens financeiras

Ser voluntário não é uma escolha comum entre universitários, mas pode encurtar o caminho até o mercado de trabalho - mesmo sem remuneração


A estudante de direito Elaine de Moraes, 29, dedica-se à ONG Salve Sertão há cerca de dois anos e garante ter desenvolvido habilidades diferenciadas para a sua carreira. Foto: Bruna Monteiro DP/D.A Press
A estudante de direito Elaine de Moraes, 29, dedica-se à ONG Salve Sertão há cerca de dois anos e garante ter desenvolvido habilidades diferenciadas para a sua carreira. Foto: Bruna Monteiro DP/D.A Press
Ter um diferencial no currículo é imprescindível para os profissionais se destacarem no mercado. Cursos de idiomas, especializações e experiências de intercâmbio são alguns exemplos. O que muitos podem não saber é que o trabalho voluntário também conta muitos pontos na vida profissional, principalmente para quem está iniciando a carreira. Para se ter uma ideia, dependendo da situação, a atividade pode pesar mais na busca por uma vaga do que ter fluência em um segundo idioma.

“Os alunos têm uma vivência muito próxima do que vão encontrar no mercado, e as empresas valorizam bastante esse aspecto”, explica Vancy Magalhães, diretora da JBV, empresa especializada em recrutamento de profissionais. Ela acrescenta ainda que as pessoas devem, preferencialmente, desenvolver atividades que estejam dentro da área que pretendem seguir. “Não adianta você cursar enfermagem, por exemplo, e trabalhar voluntariamente em algo que não vai agregar conhecimento nesta área”, exemplifica. Segundo Vancy, menos de 10% dos candidatos que a empresa recruta realizaram trabalhos voluntários.

Já para a professora de administração da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Mônica Gueiros, trabalhar voluntariamente pesa no currículo, independentemente da área de atuação. “Isso porque esse tipo de trabalho estimula a iniciativa e a capacidade de trabalho em equipe, cooperação e outros valores que são universais e valorizados por todas as organizações”, pontua. Segundo ela, é algo sempre visto com bons olhos pelas empresas, principalmente se a pessoa for iniciante no mercado. “Isso demonstra que a pessoa está interessada em aprender, mesmo que não tenha o retorno financeiro”, explica. Além disso, ela cita que trabalhar voluntariamente é pré-requisito para alguns programas de estudos no exterior.

É o caso da estudante de direito Elaine de Moraes, 29, que há cerca de dois anos participa da ONG Salve Sertão. A jovem, que exerce voluntariamente a função de secretária, diz que não sabia do diferencial que estava adquirindo para seu currículo. “Percebi que conta muitos pontos para a minha carreira”, diz, ressaltando que o dia a dia com outras pessoas e o relacionamento interpessoal ajudam bastante. Ela afirma ainda que tem feito vários cadastros na internet, e que em alguns é exigido o trabalho voluntário. “Muitas pessoas só pensam no dinheiro, mas acabam esquecendo da experiência, que é o mais importante”, opina.


"Uma pessoa que tem uma atividade voluntária no currículo já tem um 'plus' em relação à alguém que não tem", reforça Roberta Falcão, gerente de RH da Gruponove

O professor de direito da Estácio/FIR Guido Cavalcanti, idealizador da ONG, diz que o objetivo principal é estimular os alunos para que eles utilizem os problemas sociais como casos práticos. “E a ajuda pode vir das mais variadas áreas. Os alunos de informática, por exemplo, mantêm o site atualizado. Já os estudantes de comunicação são responsáveis por registrar e divulgar todas as nossas atividades.” Ele afirma ainda que os alunos aprendem noções de logística e a firmar parcerias. “Como não temos nenhuma filiação, os recursos são obtidos através da iniciativa dos alunos. E eles conseguiram fechar acordos com algumas empresas, como a Kraft Foods e a Impsa”, destaca. 

“Uma pessoa que tem uma atividade voluntária no currículo já tem um ‘plus’ em relação à alguém que não tem”, reforça a gerente de Recursos Humanos (RH) da agência de publicidade Gruponove, Roberta Falcão. Segundo ela, isso é levado em consideração durante a seleção de profissionais para atuar na empresa. “Apesar de não ter um poder decisivo, é algo que agrega bastante valor, já que a pessoa aprende a ter espírito de cooperação e a conviver com diferenças”, ressalta, acrescentando ainda que as pessoas não podem menosprezar uma função pelo simples fato de não haver remuneração mensal.


Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2013/09/22/internas_economia,463507/enxergando-alem-das-vantagens-financeiras.shtml

Nenhum comentário :

Postar um comentário