sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Comissão quer delegado depondo na nacionalblog

Por Diogo Monteiro
Da Folha de Pernambuco

Para tentar desvendar completamente o episódio que ficou conhecido como o “Massacre da Granja São Bento”, ocorrido em Paulista, em 1973, a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC) vai pedir à Comissão Nacional da Verdade a convocação do delegado Carlos Alberto Augusto, de Itatiba (SP). Ele é acusado de participar de ações de perseguição, infiltração e eliminação de militantes que lutavam contra o regime militar. “Carlinhos Metralha”, como era chamado, teria coordenado a execução de seis membros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) naquele local, em uma ação que depois seria encoberta como um tiroteio.

Dois ofícios foram encaminhados à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Um solicitando que ele fosse afastado de suas funções devido às acusações às quais responde, o que foi negado. O outro pediu a liberação de “Metralha” para depor à comissão, em Pernambuco, mas sequer foi respondido. “A comissão estadual não tem poder de convocar servidor de um outro estado, por estar restrita a Pernambuco, mas a nacional tem”, avalia o relator do caso, Manoel Moraes.

A comissão estadual ouviu dois depoimentos sobre o caso, ontem. A funcionária pública aposentada Sonja Maria Cavalcanti contou como cinco homens sequestraram, em sua boutique, localizada em Boa Viagem, as militantes Pauline Philippe Reischtul – à época com 26 anos -, e Soledad Barret Viedma, 28, ambas mortas na granja. “Achava que era assalto. As duas tiveram as mãos amarradas. Houve espancamento. Foram colocadas em dois carros e arrastadas”, relembrou. Embora não tenha dado certeza, ela disse que um dos homens era parecido com uma foto do então delegado do Dops-SP, Sérgio Fleury, de quem “Metralha” era braço-direito.

Já o segundo depoente, o advogado José de Moura, foi crucial para estabelecer a ligação entre “Metralha” e José Anselmo dos Santos, conhecido como Cabo Anselmo, agente infiltrado ligado a Fleury que denunciou diversos militantes da VPR e é acusado de praticar torturas, inclusive contra o atual deputado federal Pedro Eugênio. Moura manteve contato em São Paulo com Anselmo, que se apresentava como “Daniel” e tentava convencê-lo a voltar às ações da organização em Pernambuco. Em um encontro ao qual o infiltrado não pôde ir, o advogado trocou materiais com Augusto. Anos depois, na prisão, reconheceu o delegado e só então soube se tratar de um agente infiltrado.


Fonte:http://www.folhape.com.br/blogdafolha/?p=142674

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