segunda-feira, 9 de maio de 2016

Microcefalia faz maternidade ser marcada por superações

Ana Júlia, 18, é mãe de Gabriel, 6 meses, microcéfalo. Está à espera do segundo filho. E não tem medo. É movida por fé e amor


Arthur de Souza/Folha de Pernambuco
Ana Júlia, que já tem filho com microcefalia, teve novas manchas vermelhas na segunda gravidez
Maternidade. Nunca o tema esteve tão exposto quanto nos últimos meses. Nunca tão cercado por intranquilidade, medo. Mães de primeira, de segunda viagem. Mães que planejaram ou que foram pegas de surpresa. Todas lançadas nas incertezas causadas pelas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. À dengue foi associado o zika e a chikungunya. Viroses que trouxeram junto malformações fetais, entre elas a microcefalia. Esse desafio de gerar um filho na era da epidemia de arboviroses expôs dramas, sobressaltos e descobertas. Mas também evidenciou a força, a perseverança e o cuidado das mulheres. Superar. Era o que precisavam. E assim tem sido a cada dia, como será mostrado nas histórias contadas neste especial do Dia das Mães.

Amor e fé. É o que se vê e se sente no sorriso da dona de casa Ana Júlia de Araújo, 18 anos, moradora de Glória do Goitá, na Mata Norte, a 61 km do Recife. Neste domingo (8) vai comemorar a data com dois filhos. Um já traz no colo, Anderson Gabriel, 6 meses, microcéfalo. O outro está no ventre. “Quando Gabriel nasceu procurei o chão. Hoje está tudo certo! Não há nada errado! Agora é enfrentar mais um desafio, já que estou grávida de quatro meses”, afirma a dona de casa.
Ana Júlia é só alegria ao falar sobre a nova gestação, descoberta de supetão quando uma amiga desconfiou: ela estava "rechonchuda”, podia estar grávida novamente. “Pelas minhas contas, quando Gabriel estiver com 11 meses, o outro filho estará chegando. A família é grande. Não vou estar sozinha”, alegra-se, mesmo diante da rotina puxada para garantir toda a assistência ao filho.
As idas e vindas da sua cidade para as terapias no Recife são quase diárias. Às vezes no carro do Programa PE Conduz. Às vezes de ônibus com recursos que tem de tirar de um orçamento já apertado. Mas, afirma, não há nada que a faça mais feliz que ver a evolução do primogênito. Um bebê forte, sorridente e que acompanha atentamente a mãe com o olhar.
“Ele está querendo falar”, atesta Ana Júlia, que segue a vida com amor. E fé. Essa última a vem acompanhando mais que nunca desde a última semana, quando manchas vermelhas na pele semelhantes às que teve durante a gravidez de Gabriel voltaram a aparecer. “Essa é minha única preocupação. Apesar de a médica tentar me tranquilizar que não deve ser zika, de esclarecer que só se tem essa doença uma vez, fico na dúvida. Pois, mesmo sendo outra virose, pode ser perigoso para meu bebê".
Fonte:http://www.folhape.com.br/cotidiano/2016/5/microcefalia-faz-maternidade-ser-marcada-por-superacoes-0124.html

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