Pesquisadores da OMS que estiveram no Recife acreditam que períodos de surtos serão intercalados
Arthur Mota
A Organização Mundial de Saúde esteve em Pernambuco para analisar a situação das arboviroses no Estado
Assim como a dengue, o vírus zika e a febre chikungunya deverão se tornar recorrentes no Brasil, segundo pesquisadores da Organização Mundial de Saúde que estiveram em Pernambuco para analisar a situação das arboviroses no Estado. De acordo com informações preliminares, devido às suas semelhanças e à presença do mesmo transmissor da dengue, as doenças deverão permanecer entre a população e apresentar períodos de surto intercalados com baixas nas notificações. Segundo o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Análises de Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o porto-riquenho Marcos Espinal, são grandes as chances das arboviroses se tornarem endêmicas no País.
“Se o País não controlou a dengue e percebe que recorrentemente, em algumas épocas do ano, as notificações sofrem um aumento significante, o mesmo vai acontecer com essas outras doenças.” “O Brasil é muito grande e quando estanca o problema num estado observa o surgimento do mesmo problema em outro estado. É o que está acontecendo agora. Podemos observar uma diminuição nos números de notificações aqui em Pernambuco, mas está começando a se intensificar o problema na região sul”, continuou.
O gestor alerta, entretanto, que apesar da recorrência que poderá ter, as notificações poderão diminuir entre um ano e outro. “Acredito que, anualmente, o Brasil passará por temporadas de surto, mas os números poderão diminuir se as medidas de controle forem implantadas. Se tomarem as devidas providências e diminuírem a população do mosquito, a transmissão pelo Aedes será menor e, além disso, uma pessoa não contrai essa mesma doença duas vezes”, disse.
Diretor do Escritório de Estratégias da Organização Mundial da Saúde (OMS), o médico americano Christopher Dye, concorda sobre a situação de endemia no País. “Estamos vendo que o problema começa a diminuir em alguns lugares, mas no País como um todo, ele ainda tende a aumentar. Isso é, as arboviroses ainda não atingiram seu pico de notificações e, antes de serem controladas, ainda deve piorar”, avaliou.
Ele explica o que a OMS tem feito. “É para antecipar as suas consequências e tentar evitar alguns problemas que estamos tentando fazer um mapa aqui no Brasil para entender o que está sendo feito em cada estado e como essas ações podem ser maximizadas.” A comitiva deve seguir para o estado da Paraíba.
Bactéria para combater o Aedes
SÃO PAULO (FolhaPress) - Uma bactéria que infecta boa parte das espécies de insetos do planeta pode ser usada para “vacinar” o mosquito Aedes aegypti, diminuindo muito ou mesmo eliminando o risco de que ele transmita o vírus zika, demonstraram pesquisadores brasileiros. Se a ideia tiver sucesso em testes de larga escala, o combate às doenças transmitidas pelo vetor finalmente deixará de depender de métodos trabalhosos e ineficientes, como a eliminação de criadouros e o uso de inseticidas.
Ainda não se sabe exatamente como a bactéria Wolbachia atrasa a vida do zika e de outros vírus semelhantes, como o da dengue. O certo é que o micróbio evoluiu para se tornar um especialista na manipulação do organismo de insetos, direcionando a reprodução deles para seus próprios fins. Embora afete cerca de 40% dos insetos do mundo, a Wolbachia normalmente não “mora” no organismo do Aedes. Por isso, os pesquisadores do Centro de Pesquisas René Rachou, da Fiocruz de Belo Horizonte, precisaram, em primeiro lugar, criar uma população que carregasse o micróbio. “Os efeitos sobre o mosquito dependem da cepa da bactéria”, explica Luciano Andrade Moreira, coordenador do estudo. “No nosso caso, soltamos tanto machos quanto fêmeas com a Wolbachia. O macho infectado que cruza com a fêmea que não tem a bactéria faz com que ela fique estéril. Já a fêmea com Wolbachia é fértil e transmite a bactéria a todos os seus descendentes.”
Fonte:http://www.folhape.com.br/cotidiano/2016/5/zika-deve-se-tornar-endemico-0072.html
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