segunda-feira, 18 de junho de 2012

Bicicletas são alternativa para enfrentar o trânsito

Cada vez mais motoristas deixam seus carros e transportes coletivos para se deslocarem ao trabalho de bike

Técnico em eletrônica Walter Gomes Pereira utiliza a bicicleta para ir ao trabalho (Julio Jacobina/DP/D.A Press )
Técnico em eletrônica Walter Gomes Pereira utiliza a bicicleta para ir ao trabalho
 
Imagine a cena, nada fictícia: tráfego agitado, carros, ônibus e motos por todos os lados, buzinas em alto e bom som, marcha lenta, calor, impaciência… Pensou? Possivelmente você já perdeu a paciência com o trânsito nos grandes centros urbanos. Na Região Metropolitana do Recife (RMR) não é diferente. As soluções de mobilidade estão cada vez mais difíceis. E demoradas.

Agora imagine esta outra cena que começa a se tornar frequente: tráfego agitado, carros, ônibus e motos por todos os lados, buzinas em alto e bom som, marcha lenta, calor, impaciência… Tudo isso ficando para trás no retrovisor da sua bicicleta. Eles ficam, você segue. Ali, ao lado dos automóveis. Cuidadoso, você ganha um tempo precioso. A sensação de mobilidade é plena. Graças à bicicleta.

Goste você ou não, as “magrelas” invadiram as ruas e agora são um meio de transporte eficiente quando o assunto é o deslocamento urbano. E o que melhor: uma alternativa econômica se você pretende evitar ou diminuir as despesas com o transporte público, carro particular ou mesmo táxi (este repórter que vos escreve, inclusive, pode comprovar, já que desde o mês de março se tornou ciclista e usa a bike ao menos três dias por semana para ir ao trabalho). Usar a bike virou sinônimo de economia e sustentabilidade.

A equação é simples: custa menos que um carro, circula com facilidade e a manutenção é simples e barata. Pedalar faz bem, modela o corpo, diminui o estresse e ajuda o seu bolso. Segundo especialistas em finanças, é possível economizar entre R$ 200 e R$ 600 por mês com o uso da bike. Ainda mais se você considerar os valores atuais do litro da gasolina (2,75, em média), da bandeirada do táxi (R$ 3,80, na bandeira 1) e das passagens de ônibus (R$ 2,15, o anel A, mais usado entre os trabalhadores, segundo o Consórcio Grande Recife Consórcio de Transportes).

A estória do técnico em eletrônica Walter Gomes Pereira, 33, é curiosa e serve de exemplo para este texto. Em agosto de 2011, após realizar um exame de sangue, Walter descobriu um aumento na taxa de glicose (303mg/dl). O tratamento? Hábitos saudáveis, reeducação  alimentar e eliminação do sedentarismo. O “remédio”: ela, a bike, comprada um mês após o diagnóstico.

“Desde então eu tento ir todos os dias de bike para o trabalho. Depois de uns 45 dias a minha glicose já estava normal (85mg/dl). Vi o quanto foi benéfico não só para a minha saúde, mas também para o bolso. Sem falar na sanidade mental, pois o transito de Recife virou uma selva”, conta Gomes. Ele herdou parte das peças de uma bicicleta dod irmão, que também trocou o carro pela “magrela”. No geral, segundo ele, gastou cerca de R$ 1 mil incluindo os itens de segurança.

“Gastei uns R$ 200 com capacete, pisca dianteiro e traseiro”, diz. Valeu à  pena? Para Walter sim, uma vez que ele gastava cerca de R$ 350 por mês com gasolina para o seu carro, um modelo Celta 2009. De manutenção, ao menos uns R$ 400 a cada seis meses. “Hoje eu gasto uns R$ 200 com combustível. A grana que tem sobrado está servindo para organizar as finanças no começo de ano”, completa.

Trocar o carro ou o transporte público pela bike parece ser uma boa solução para o orçamento. Tanto que a produção de bicicletas no Brasil aumentou nos últimos anos, embora em 2011 o número de bikes caiu 6,5% (4,6 milhões) em relação a 2010 (4,9 milhões). Parte da redução, na análise da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), que informou os dados, se deve ao aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as bicicletas importadas, que têm grande consumo entre os brasileiros.

Mesmo assim, as estatísticas são favoráveis ao setor. O Brasil, segundo a Abraciclo, é o terceiro  maior produtor de mundial de bicicletas (4%), atrás da Índia (8%) e da campeã China, com incríveis 67%. No mercado consumidor, os brasileiros ficam na quinta posição do ranking, com os mesmos 4%. Lideram a lista a China (21%), EUA (15%), Japão (8%) e Índia (8%).

Custo-benefício
Saber se o uso da “magrela” vai mesmo garantir uma economia no seu orçamento, só mesmo testando. A começar pela compra. No mercado, há modelos variados (os mais procurados com marchas de velocidade) com valores médios entre R$ 300 e R$ 3 mil. Tudo depende do gosto e das possibilidades financeiras do candidato a ciclista. Quanto à manutenção, não se preocupe.

Nas lojas revendedoras, o valor cobrado por uma revisão básica na bike varia entre R$ 20 e R$ 40, dependendo do serviço. A “calibrada” confere freios, pneus, marchas, lubrificação, luzes de sinalização (o Código Nacional de Trânsito exige o uso de itens mínimos de segurança), tudo é analisado.

“Sem dúvida é uma boa alternativa de economia, pois o que se poupa com a redução das despesas com combustível e manutenção veicular pode ser usado para outros pagamentos. Um bom exemplo é o material escolar. Um usuário de bicicleta que economiza de R$ 100 a R$ 150 por mês com gasolina terá um valor suficiente para pagar a compra do material escolar dos filhos com desconto, no fim do ano”, destaca o professor de economia e analista financeiro da Faculdade Boa Viagem (FBV), Roberto Ferreira.

Para descobrir o custo-benefício, você pode calcular quanto gastaria utilizando a bike. Uma opção é descobrir quanto gasta de gasolina, passagens de ônibus ou táxi. Obviamente, deve levar em consideração a distância da sua residência para o trabalho e os dias úteis do mês, geralmente uma média de 20. Depois, é hora de escolher um modelo que caiba no seu orçamento. O resultado pode aparecer a curto ou médio prazo. “Gasto, em média, 30 minutos de casa para o trabalho, um percurso de 10 quilômetros. De carro, certamente levaria muito mais tempo”, atesta Walter Gomes.

Feitas todas as contas, é hora de buscar, além do resgate da saúde, a reeducação financeira. Não é por que a “magrela” está promovendo uma revolução financeira que você vai detonar as economias. O custo de uma bicicleta é muito baixo em relação a um carro, por exemplo. Com organização, é possível ter uma saúde física e financeira em harmonia”, completa Roberto Ferreira. O meio ambiente e o seu bolso agradecem.


Saiba mais

O custo de uma “magrela”

Mais procuradas - híbridas (servem para o deslocamento urbano e passeios)

Preço - geralmente, entre R$ 300 e R$ 3 mil, dependendo do modelo e material usado na fabricação. Os valores podem ser maiores

Segurança - de R$ 100 a R$ 400, para a compra de capacete, luzes de sinalização (piscas e faróis), luvas, roupas, sapatos, óculos, etc. O mercado oferece valores variados

Manutenção - pode ser feita a cada dois ou três meses ao custo de R$ 20 a R$ 40 nas lojas revendedoras de bikes e peças. Dependendo do serviço, o preço pode subir. Revisão básica: pneus, freios, luzes, lubrificação e quadro da bicicleta

Vida útil - o tempo é indeterminado, uma vez que vai depender do seu hábito de conservação, ou seja, você não precisa trocar a bike com frequência, como muitos usuários de veículos

Fontes: Abraciclo e lojas revendedoras

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2012/06/16/internas_economia,379343/bicicletas-sao-alternativa-para-enfrentar-o-transito.shtml

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