terça-feira, 19 de junho de 2012

Cerco fechado aos bancos inseguros

Duas agências foram interditadas ontem por não respeitarem legislação municipal

 

SANTANDER do bairro do Parnamirim, na Zona Norte, foi um dos interditados
 
A paciência da Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon) e também do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) chegou ao fim. Agora, a agência bancária que não respeitar a legislação municipal em relação à segurança será fechada até que haja a adequação. Quem acha que isso é para “inglês ver”, como a Lei da Fi­la (que determina que os clientes só devem esperar 15 minutos para serem atendidos), pode acreditar. Ontem, mais dois estabelecimentos foram interditados: o Bradesco da avenida 17 de Agosto, no bairro de Casa Forte, e o Santander do Parnamirim. Na semana passada, a interdição ocorreu no Itaú instalado dentro do Real Hospital Português (RHP), no bairro do Paissandu.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, João Rufino, a iniciativa da Prefeitura do Recife é inédita no Brasil. “Nunca tivemos uma agência bancária interditada por falta de segurança no País. Temos que agradecer ao empenho do MPPE, Dircon e demais órgãos envolvidos nessa luta. A lei tem que ser cumprida para o bem de todos”, alertou. No caso dos três estabelecimentos fechados, foram encontrados diversos problemas, como a ausência de câmeras de segurança na área externa, vidros blindados e a permanência de um vigilante por pavimento. “Eles só vão ser reabertos quando solucionarem tudo”, afirmou Rufino.


As três agências interditadas ocupam a lista dos estabelecimentos financeiros assaltados no Recife. O Santander, por exemplo, foi alvo dos criminosos em fevereiro deste ano, quando clientes e o gerente foram mantidos sob a mira de revolveres. No Itaú, um vigilante foi assassinado durante uma investida criminosa. “Se o prédio tivesse vidro blindado, uma vida teria sido salva e, caso exis­tissem câmeras externas, a polícia teria mais facilidade para identificar os suspeitos. Essas são provas de que as exigências são pertinentes”, analisou João Rufino. Ainda segundo ele, até o momento, 17 bancos foram assaltados no Estado, três ocorrências a menos do que em 2011.


Apesar de a finalidade das interdições ser a garantia da segurança dos trabalhadores e também dos clientes, algumas pessoas lamentaram por terem encontrado as agências fechadas ontem. “Quando soube que estava sem funcionar, pensei logo que teria ocorrido outro assalto. Mas agora sei que não vou ser atendido por causa da legislação do município. O problema é ter que enfrentar o congestionamento até chegar a outro lugar onde possa pagar a conta”, disse o motorista Leonildo Pajeú, 54, que esteve no Santander do Parnamirim.


As agências interditadas também deverão pagar multadas que variam de R$ 1 mil a R$ 5 mil. “A reabertura depende mais da boa vontade dos bancos do que da Prefeitura. Tivemos várias conversas com representantes das instituições financeiras antes de chegarmos a esse ponto, mas eles nunca sinalizaram positivamente para a solução do problema”, disparou a diretora da Dircon, Roberta Valença.


LEIS

As leis sobre a segurança bancária no Recife foram aprovadas em 2010, mas nos anos seguintes foram sendo complementadas por novas sugestões dos vereadores da Capital. Atualmente, elas são seis, de acordo com a diretora da Dircon, Roberta Valença. Antes que as agências bancárias fossem interditadas, várias reuniões ocorreram entre o MPPE, órgãos municipais, Sindicato dos Bancários de Pernambuco e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Porém, não se chegou a um acordo.

A causa do impasse são as exigências feitas pelas leis. Entre elas, estão: a instalação de portas blindadas, giratórias e individualizadas em todos os acessos destinados ao público; detectores de metais; circuito interno de televisão nas entradas e saídas das instituições; divisórias entre os caixas eletrônicos; a permanência de pelo menos um vigilante por pavimento, entre outras obrigatoriedades. A Febraban foi contactada, mas não se pronunciou, ontem, sobre as interdições das agências dos bancos Bradesco, Santander e Itaú.

Fonte:http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2012/junho/19_06_2012/0050.html

 

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