Câmara quer acabar com teto salarial do servidor
Projeto vincula salário dos congressistas ao de ministro do STF
BRASÍLIA (AE) - Com o Congresso em recesso branco, a comissão especial
da Câmara aprovou proposta de emenda constitucional com potencial
explosivo para as contas públicas. O projeto acaba, na prática, com o
teto salarial dos servidores públicos, não apenas da União, mas também
dos estados e dos municípios, e retira o poder da presidente da
República de definir o maior salário pago pela administração pública no
País. Essa função, pela proposta, será exclusiva do Congresso, sem a
necessidade de passar pela sanção ou veto da presidente.
A proposta ainda vincula os salários dos parlamentares aos vencimentos
dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, toda vez que o
Congresso aprovar aumentos salariais para os magistrados, eles serão
repassados automaticamente para os deputados e os senadores sem o
desgaste político de votar um outro projeto de lei concedendo o
reajuste. A carona é extensiva a outras autoridades públicas.
O texto fixa o mesmo salário para os três Poderes e serão também
beneficiados o presidente e o vice-presidente da República, os ministros
de Estado, o procurador-geral da República e o defensor público-geral
federal. O salário do ministro do Supremo e do procurador-geral têm
efeito cascata em toda a magistratura. O projeto aprovado precisa ser
votado em dois turnos pelo plenário da Câmara antes de seguir para o
Senado. A proposta, na prática, coloca por terra as reformas
administrativas dos governos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e
Luiz Inácio Lula da Silva realizadas para frear o pagamento de salários
dos marajás do serviço público e tentar impor limites de gastos com o
funcionalismo.
A proposta foi aprovada por unanimidade, em reunião que durou pouco mais
de meia hora. Interlocutores do Governo no Congresso foram
surpreendidos e consideraram que houve um golpe dos deputados,
aproveitando o esvaziamento da Câmara nesta semana. Essa foi a segunda
reunião da comissão especial que analisa o projeto, instalada em 10 de
maio passado. Entre mudanças de artigos e revogação de outros, a
proposta do relator, deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), permite o acúmulo
de pagamentos de várias fontes - incluindo aposentadoria, salários,
benefícios, decisões judiciais - para o servidor público, mesmo que a
soma exceda o teto, igual ao valor do subsídio dos ministros do Supremo,
atualmente de R$ 26.723,13. O texto aprovado retira ainda os limites
atuais para o salário dos servidores estaduais e municipais, mudando a
regra constitucional.
A Constituição (inciso XI do artigo 37) estabelece como limites para os
servidores do Executivo municipal, o salário do prefeito, para os
estaduais, o do governador. No Legislativo, o limite é o salário do
vereador ou do deputado estadual e, ainda, há a limitação do salário do
desembargador do Tribunal de Justiça como parâmetro no âmbito do Poder
Judiciário, com aplicação também para os membros do Ministério Público e
aos defensores públicos.
O relator afirmou que a proposta corrige a falta de isonomia atual entre
os funcionários públicos. “Não se constata razão suficiente para
diferenciar os servidores estaduais e municipais dos federais. Se há um
teto remuneratório, ele deve ser o mesmo, qualquer que seja a esfera de
governo, até para que a própria Constituição não entre em contradição”,
argumentou Lopes.
Fonte:http://www1.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2012/junho/21_06_2012/0077.html
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