terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Internauta denuncia dificuldades para matricular filho com Síndrome de West


Uma leitora do Blog da Folha enviou uma denúncia afirmando que não consegue matricular seu filho, de cinco anos, portador de Síndrome de West – caracterizada por convulsões de difícil controle, porém com as crises controladas – , em uma escola regular do Grande Recife. “Ser mãe de um filho especial é sinônimo de muitas coisas, principalmente no Brasil. Entre elas posso citar: doação, dedicação, luta, desânimo, resiliência”, desabafa.

Com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, a mãe narra que desde que a criança completou dois anos e cinco meses foi orientada pela neuropediatra a colocá-lo em uma escola regular para que pudesse aprimorar sua socialização, seu desenvolvimento junto a outras crianças. “Foi ai que começou a minha peregrinação. Mesmo sendo professora da rede pública não sabia até então que iria começar uma verdadeira batalha. Foram dezenas de escolas visitadas todas elas não se negaram de fato, porém ouvi as mais variadas desculpas. Desde a famosa ‘nossa escola não está preparada para receber seu filho’ ou traga seu filho para participar de uma semana de adaptação para sabermos se ele ‘poderá’ estudar aqui e ainda a pior que é: o coordenador responsável não se encontra, deixe seu número de telefone que ele retornará para agendar com a senhora e isso nunca acontecia”, lamenta desesperada a mãe.

Os problemas não pararam por aí: “Na primeira escola que aceitou matricular meu filho tivemos que pagar uma taxa extra para uma funcionária da própria escola acompanhar ele durante as aulas. No final do mesmo ano não pudemos renovar a sua matrícula como os outros coleguinhas dele e em uma conversa a diretora nos convidou a retirá-lo da escola alegando que não tinha estrutura”, denuncia a mãe. Inconformada com a injustiça e discriminação, ela optou por não denunciar ao Ministério Público. Alega que “não quer que o filho estude numa escola onde seja tratado como um fardo”, justifica.

Após três anos de tentativas, todo tipo de respostas negativas e obstáculos colocados por parte de escolas da rede particular, a mãe conta que resolveu matricular seu filho na rede municipal de ensino de Recife. “A princípio fui informada de que crianças com deficiência têm direito a uma auxiliar de educação especial para ficar com ele em sala além de outros cuidados. Uma semana antes de iniciar as aulas fui informada de que não existe auxiliar para acompanhar esses alunos porque o MP proibiu a prefeitura de contratar estagiárias e que temos de aguardar a aprovação de um concurso público para essas vagas pela Câmara de Vereadores. Todos os anos há mães desistindo de levar seus filhos especiais para essas escolas porque cansam de esperar um profissional que nunca chegou”, denuncia.

A única sugestão da Gerência de Educação Especial da Prefeitura do Recife, conta a mãe, foi que a criança começasse a frequentar a escola com a pessoa que nos auxilia a cuidar dele em nossa casa. Para que ele não perdesse os primeiros dias de aula eu aceitei e então fui descobrindo outra realidade como, por exemplo uma sala de recurso que não existe e não funciona, transporte escolar para alunos com dificuldade de locomoção sem previsão de início pois há uma imensa fila de espera”, enumera os problemas.

Por fim, a mãe, que assina a carta afirmando que não vai desistir fácil, faz um clamor aos órgãos públicos do Recife e de Pernambuco. “Por favor, senhores gestores, educadores de apoio, coordenadores, parem de inventar desculpas e criar obstáculos para não receber nossos filhos em suas escolas. Pois eles são capazes sim, dentro de suas realidades e tem o direito de frequentar a escola como qualquer criança. Procurem ter outra visão do que é inclusão de verdade. Ponham em prática os seus discursos porque nós não vamos ceder a esse preconceito velado. Queremos nossos filhos inseridos nas escolas, no mercado de trabalho, na vida”, finaliza.


Fonte:http://www.folhape.com.br/blogdafolha/?p=153134

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