quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Cidade Viva: promotor avisa que Suape será responsabilizada por ataque de tubarão

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Convidados debateram o assunto em programa do NE10 em parceria com a TV Jornal
Foto: Fábio Jardelino / NE10

Do NE10

O Complexo Portuário de Suape e possivelmente a Petrobras devem ser responsabilizadas numa ação civil pública pela destruição de parte do ecossistema marinho do litoral da Região Metropolitana do Recife e os consequentes ataques de tubarão nas praias de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Durante participação no programa Cidade Viva desta quarta-feira (21), o promotor Ricardo Coelho explicou que essa ação, será movida ao final do inquérito que apura a morte da estudante Bruna Gobbi, ocorrida no último dia 22 de julho.

O programa, que discutiu as causas e ações para minimizar os incidentes, também trouxe à tona um novo componente: o estudo das correntes de retorno, que 'puxam' os banhistas para as áreas onde os tubarões costumam aparecer, além de aumentar o risco de afogamentos.


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Ricardo Coelho voltou a defender a interdição dos trechos onde os ataques são mais frequentes, caminhando ao lado de reforço nas campanhas educativas e preventivas. "A redução de 90 por cento nos ataques ocorreu, é verdade. Porém, mais precisa ser feito, além das pesquisas do Sinuelo: mais campanhas, investimento em pesquisas, e interdição, sim, em trechos perigosos", avaliou.

Ele explicou que no inquérito que apura a morte de Bruna especialistas e a sociedade civil foram ouvidas e, ao final, acontecerá uma audiência pública e o caminho será chamar à responsabilidade os atores que estão denegrindo o ecossistema marinho. "O mar perdeu muito de sua vida por conta da poluição. Todos os pesquisadores ouvidos sinalizam para a responsabilidade de Suape. Ao final do inquérito deve ser movida uma ação civil pública responsabilizando Suape e talvez a Petrobras para colaborar financeiramente com o trabalho de revitalizar o ecossistema. Os trechos mais perigosos têm que ser interditados até serem instaladas as telas de proteção", disse.

O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, representante do Governo do Estado, manifestou-se contrário à proibição, aliás como fizera no primeiro momento, após o último ataque. Para ele, não é possível repetir com as pessoas o que se faz com os esportes náuticos, proibidos desde 2004. "Uma coisa é controlar os espaços, outra é a praia, o espaço mais democrático de lazer que existe. A orientação do banhista é suficiente", ponderou.

Sem afirmar ser contra ou a favor, a presidente do Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões), Rosângela Lessa, defendeu um maior investimento na conscientização da população. "O Cemit tem todo interesse em que uma campanha de divulgação seja realizada como sua proposta induz. Estamos discutindo e o resultado dessas ações vai ser encaminhado ao secretário de Defesa Social, que tem a chave do cofre", pontuou.

Também participante do debate, o presidente do Instituto Pró-Pesca, Bruno Pantoja, defende a instalação de telas retráteis em bolsões das praias onde os estudos apontam como os de maior incidência. Nesse ponto, ele bateu de frente com a presidente do Cemit, que vê como mais eficiente a instalação de malhas, que já está na fase de testes. Ela manifestou-se contra as redes, apontando-as como até dez vezes mais caras e menos eficientes. Sobre as telas, ela vê como um muro dentro do mar.

"Essa tela foi orçada pelo presidente do Pró-Pesca em R$ 30 milhões. Temos maneiras mais eficientes de gastar 30 milhões. Essas telas são um absurdo. Saíram de um devaneio. Jamais alguém testou. A proposta é de 11 quilômetros, entre o Pina e a praia do Paiva. E o Instuto Pró-Pesca jamais nos procurou para apresentar um projeto", criticou Rosângela. 
Pantoja retrucou que a proposta da tela acompanharia a baixa da maré e a extensão iria do Pina até Piedade. "A senhora não tem muito conhecimento de geografia", disse o engenheiro de pesca. 

CORRENTES - Rosângela explicou que as correntes de retorno também devem passar a ser objeto de aviso nas placas que já alertam sobre o risco de ataque de tubarões. "Estamos desenvolvendo nossos trabalhos em relação às áreas de risco das correntes. Estamos tentando o sinal verde da Secretaria de Defesa Social para mapear todas as correntes. Queremos usar as câmeras dos prédios de Boa Viagem e o helicóptero da SDS. A intenção é sinalizar em todo o Estado", disse.


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