quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Leia a íntegra do discurso da presidente Dilma Rousseff

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Recife-PE, 28 de fevereiro de 2012

Eu queria dizer, primeiro, que para mim é muito importante estar aqui agora, com todos vocês, e eu queria começar cumprimentando as mulheres aqui presentes, cumprimentando as mulheres pernambucanas. Essas mulheres que eu vejo aqui, que receberam as chaves, e que são o centro e, muitas vezes, sozinhas, a cabeça da família.

Eu cumprimento também nossos companheiros queridos, nossos companheiros homens. Mas eu estou começando pelas mulheres, porque aqui hoje nós estamos falando de casa. Quando a gente fala de casa, a gente fala de mulher e de criança, de família. Por isso, o meu abraço a cada uma das mães e também dos nossos pais aqui presentes.

Vou saudar o nosso governador, Eduardo Campos, que vocês, pernambucanos, devem ter muito orgulho. Muito orgulho, porque vocês têm um governador combativo, capaz, eficiente, um governador que, nos últimos anos, transformou o estado de Pernambuco. Hoje, o estado de Pernambuco é um dos estados que mais cresce no Brasil, e crescer, aqui, nós estamos falando que não é só aumentar o dinheiro no bolso dos grandes empresários. É também, é também, mas é, sobretudo, aumentar o dinheiro no bolso do povo aqui do Recife e do povo de Pernambuco. E é, sobretudo, ampliar oportunidade. Essa palavrinha que, muitas vezes, reflete todo o futuro, os sonhos e a realização no presente para muitos jovens, para muitas mulheres, para muitas crianças: oportunidade.

E eu falo também sobre o prefeito João da Costa, um outro parceiro que nós temos aqui nesta cidade.

Queria cumprimentar as duas mulheres, as duas mulheres que estão aqui e que têm uma presença forte ao lado dos seus maridos: a Renata Campos, pelo trabalho que faz, pelo trabalho nacionalmente reconhecido que faz na área da infância. Uma das coisas mais reconhecidas, também do governo Eduardo Campos, é esse trabalho do “Mãe Coruja”, que orgulha, que orgulha e deve orgulhar toda mulher pernambucana e os homens também, que é essa questão fundamental deste país. Porque um país tem que ser medido pelo que faz para as suas crianças e para os seus jovens. E criar o “Mãe Coruja” é, desde cedo, dar oportunidade para as nossas crianças, que vêm das famílias mais pobres, ter acesso ao que a criança da família rica tem, que é estudo, que é estímulo, que é carinho e que é acolhimento.

Eu vou cumprimentar aqui uma mulher que vocês viram, e quando ela fala, ela mexe com o coração e a cabeça de todos nós, que é a Márcia – a Márcia, aqui, moradora do apartamento que eu visitei. Porque a Márcia fala aquilo que toda a mulher fala quando se trata de defender sua família. O que é que uma mulher quer? A mulher quer uma casa para morar e criar seus filhos, criar, com segurança, seus filhos, e o que a Márcia disse aqui foi justamente isso. Além do emprego, que é fundamental para se manter as famílias, que os homens deste estado e as mulheres deste estado hoje tenham oportunidades que não tinham antes, a outra coisa fundamental é a casa própria, é onde morar.

Queria também cumprimentar as duas outras mulheres que receberam chaves: a Maria Luiza da Silva e a Cilene Félix do Nascimento.

Vou cumprimentar os ministros de Estado que estão aqui comigo, cumprimentando, primeiro, o nosso ministro aqui de Pernambuco, o Fernando Bezerra; a Miriam, do Planejamento; o Agnaldo Ribeiro, das Cidades; a Helena Chagas, da Comunicação Social.

Queria cumprimentar também uma pessoa que tem ajudado muito o governo federal, no Congresso, a passar as leis que são importantes para que nosso país continue crescendo e distribuindo renda: Humberto Costa.

E os deputados federais que também têm nos ajudado muito: Anderson Ferreira, Inocêncio Oliveira, Fernando Ferro, Pedro Eugênio, Pastor Eurico.

Cumprimentar o presidente da Caixa, Jorge Hereda,

A presidenta da Empresa de Urbanização do Recife, a Débora,

O presidente da Associação Municipalista de Pernambuco e prefeito de Lajedo, Antônio João Dourado, em nome de quem cumprimento todos os prefeitos e prefeitas aqui presentes.

Cumprimentar também o vereador Jurandir Liberal, presidente da Câmara.

Cumprimentar aqui os jornalistas, as jornalistas, os fotógrafos e os cinegrafistas.

E dizer para vocês que eu tenho, em relação a Pernambuco, eu tenho, primeiro, uma dívida. A dívida pelo fato de que foi com os votos e o apoio de vocês que eu me elegi presidenta. Muito me honra, muito me honra ter recebido esses votos de um povo tão combativo, tão guerreiro e que, ao longo da história do nosso país, sempre esteve ao lado das causas justas, sempre esteve ao lado do Brasil quando se tratava de defendê-lo e sempre foi um firme defensor das causas do povo.

E eu queria dizer para vocês que hoje eu estou aqui num momento muito especial. Duas coisas me trouxeram aqui. Primeiro, este programa Minha Casa, Minha Vida. Eu vi aqui hoje como é algo importante para o povo brasileiro, para o povo aqui de Pernambuco e do Recife a questão da casa própria. Eu queria lembrar a vocês que nós começamos a fazer o programa Minha Casa, Minha Vida ainda no governo desse pernambucano, que saiu daqui num pau de arara e virou presidente da República. É bom que vocês se manifestem assim porque, certamente, ele está olhando este programa, ele está olhando esta transmissão e vai ficar muito comovido com o carinho de vocês.

Mas, como eu estava dizendo, foi no governo do Lula que nós começamos a fazer o programa Minha Casa, Minha Vida. Naquela época, falar, no Brasil, que a gente ia fazer um programa de casa própria para a população brasileira era um verdadeiro escândalo. Primeiro, uma parte dizia que era impossível, que a gente não ia fazer. A outra parte dizia que não ia dar certo. E aí eu quero explicar uma coisa para vocês. O Minha Casa, Minha Vida, ele dá certo, porque ele resolve focar, colocar luz, centrar a atenção numa questão que é fundamental: quem não tem casa no Brasil. Ah, é você. E por que é que não tem casa? Porque não conseguia comprar a casa, por um motivo muito simples: não conseguia comprar casa. O que é que o pessoal dizia? “Ah, se virem, se virem”. A política do “se virem”, que é aquela política que entrega para o povo um problema que ele não pode resolver. O que é que a nossa sensibilidade política determinou? Que era, para que o povo pudesse ter casa, o governo tinha de ajudar. Um simples raciocínio: é impossível, com o preço das casas, o pessoal comprar casa sozinho. Então, o governo tem de participar.

O Minha Casa, Minha Vida é isso. É o governo passando dinheiro, não para quem constrói a casa, mas para quem compra a casa. O dinheiro sai da Caixa Econômica e vai direto para aquele que compra a casa. Isso é que está permitindo que cada vez mais pessoas tenham acesso à casa. É visível que nem todos que precisam têm, ainda, acesso à casa. Mas também é visível que, cada vez mais, nós estamos vendo as pessoas, as famílias, as mulheres aparecerem e terem acesso a sua casa. E aí eu quero assumir, com vocês, aqui um compromisso. Eu asseguro a vocês que este programa Minha Casa, Minha Vida vai continuar até que os brasileiros mais pobres tenham acesso a suas moradias. Cada vez mais nós vamos aumentar a quantidade de casas que nós vamos construir. Ninguém aqui pode achar que nós resolvemos todos os problemas, do dia para a noite, mas nós começamos e vamos avançar cada vez mais.

Quando a gente iniciou o programa, nós iniciamos com 1 milhão de moradias. Passamos para dois, 2 milhões de moradias e, necessariamente, passaremos para mais moradias. E este programa é um programa fundamental, porque, como disse o nosso governador Eduardo Campos, ele faz duas coisas: ele garante a casa e garante também a ampliação do emprego. Ele faz essas duas coisas. Ele tem sido responsável, junto com toda a política do governo, pela expansão do emprego na construção civil no Brasil, e isso, para nós, é muito importante, porque o Brasil precisa continuar crescendo. O Brasil não pode parar, nem vai parar, no que depender de mim. Eu asseguro a vocês também que nós vamos enfrentar essa crise e vamos transformá-la numa oportunidade para o Brasil.

Nós, hoje, somos reconhecidos e, por isso, podemos ficar de cabeça erguida. Nós somos reconhecidos como um dos países mais estáveis, que cresce e que distribui renda. Para vocês terem uma ideia, muitos países crescem, mas, na maioria desses países que crescem, a renda não se distribui, ela se concentra. Uns ficam mais ricos e outros ficam pobres. A diferença do nosso modelo é que nós queremos um crescimento em que, ao mesmo tempo que o país cresce, o povo cresce junto, o povo não fica para trás, o povo não é relegado ao último lugar nas prioridades do governo. A primeira prioridade do governo tem de ser o acesso do povo brasileiro à riqueza que ele mesmo produz e aquela à qual ele tem direito.

Eu queria também dizer para vocês – eu já vou falar de vocês, não tenham dúvida.

Outra coisa muito importante são as nossas cidades, são as nossas cidades. Recife, Recife capital de Pernambuco e toda a região metropolitana do Recife são um dos grandes polos de concentração de brasileiros e brasileiras neste país. Nós não podemos relegar, nós não podemos abandonar, nós não podemos deixar as nossas cidades degringolarem. Nós não podemos deixá-la entrar em decadência, nós não podemos deixar que, onde a gente mora, não tenha aquele cuidado que a gente coloca na casa da gente. Por isso, essa iniciativa que nós tomamos aqui hoje, de investir aqui nesta região, R$ 2 bilhões em parceria com o governador Eduardo Campos e com o prefeito João da Costa e com os demais prefeitos da região metropolitana, é algo muito importante.

Vocês vejam, vocês vejam que o que nós estamos fazendo aqui é melhorando uma das questões principais para quem mora e para quem trabalha numa cidade. É como se movimenta: como é que sai de casa, vai trabalhar; como é que sai de casa, vai passear. Essa questão é fundamental numa cidade. Quando nós colocamos aqui 1 bilhão de orçamento da União e financiamos 1 bilhão para o prefeito e para o governador, o que nós estamos querendo com isso? Nós estamos querendo que a vida do Recife, que a vida da população metropolitana do Recife seja uma vida melhor. E isso significa... ô gente, calma aí, calma aí, olha lá o empurra, empurra. Cuidado, cuidado, vocês vão machucar gente aí. Tem uma senhora aqui na frente. Cuidado. Está dando choque? Ô gente, dá um passo aí para trás para o pessoal aqui poder dá um passo para trás, porque tem um fio aqui que está dando choque. Faz assim, dá um passinho aí atrás. Dá gente, um passinho para trás aí. Melhorou? E povo bom! Agora os seguranças estão ali testando o choque é neles, né?

Bom, eu estava dizendo então para vocês que esse investimento aqui é muito importante, e que nós iremos fazer uma coisa que é muito... eu acho que vai ser muito simbólico aqui para o estado. Que é transformar o rio Capibaribe numa estrada, num caminho, numa rua fluvial. Uma cidade que foi construída, porque aqui tinha dois rios que formavam Oceano Atlântico, tem de valorizar esses rios. E aí eu acho que essa decisão do governo Eduardo Campos, que nós iremos apoiar sem uma restrição, é uma decisão fundamental. Posso dizer para vocês que muitos brasileiros, estrangeiros virão aqui só para andar de barco no rio Capibaribe. Vocês vão usar como transporte. Nós vamos vir aqui aproveitar da beleza também.

Finalmente eu queria falar da Muribeca. Eu determinei à Caixa Econômica Federal o seguinte: não só que ela faça com vocês uma reunião, mas também, que ela leve o seguinte em consideração. Nessa história da Muribeca e dos prédios caixão, o risco é do morador, o risco é do morador. Não interessa, em primeiro lugar, de quem é a responsabilidade de ter construído prédios inseguros e colocado gente lá dentro. Isso a gente discute depois. Mas em primeiro lugar nós vamos tratar de resolver o problema da moradia das pessoas que moram nessas condições. Porque essas pessoas correm risco, correm risco. E há um critério dentro do governo. Para o Minha Casa, Minha Vida, tem um critério. O primeiro critério é o seguinte: nós atendemos aqueles que correm risco. A Caixa Econômica tem a minha determinação de tratar essa questão como prioritária. Num segundo momento, eles discutem a responsabilidade, o que vão fazer, o seguro, o que quiserem. Mas em primeiro lugar está a segurança das pessoas.

Outra questão que eu queria dizer a vocês é que podem ter certeza que nós, podem ter certeza que nós estamos dispostos a escutar, a escutar, a debater, a ter humildade para reconhecer onde que está errado e onde que está certo. E isso significa uma relação de respeito com os movimentos sociais. Uma relação de respeito que não era a característica deste país. Mas este país mudou. Hoje, nós estamos construindo uma democracia qualificada. E numa democracia qualificada uma das questões principais é ouvir, reconhecer e aceitar as reivindicações do povo deste país.

Finalmente eu quero dizer para vocês que eu ainda voltarei muitas vezes aqui no estado de Pernambuco. E que eu tenho a certeza que aqui no Nordeste está uma das maiores realizações do governo do presidente Lula, e eu tenho certeza, do meu também. Que é o seguinte: com a parceria com o Eduardo Campos, com a parceria com os prefeitos, com o João da Costa, nós mudamos uma coisa neste país. No passado, o Brasil crescia só no Sul e no Sudeste. Essa era a realidade deste país. O que houve de alteração fundamental a partir de 2003 foi que esta forma de crescimento, este modelo de crescimento que não excluía só as pessoas, excluía também as regiões, mudou. Por isso, é muito importante para nós vermos aqui, uma taxa de crescimento que muitas vezes é maior que a média do Brasil, e se assemelha à taxas de crescimento dos chamados Tigres Asiáticos. Então, nós temos aqui, uma onça nordestina. Não é bem um Tigre Asiático, mas é uma onça nordestina.

E aí eu encerro a minha fala dizendo para vocês: não só que eu voltarei, mas que eu deixo um beijo no coração de cada uma e de cada um dos pernambucanos aqui. Beijo.

Fonte:http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2012/02/28/leia_a_integra_do_discurso_da_presidente_dilma_rousseff_126631.php

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