segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tumulto e mortes no Aníbal

Dois detentos morreram em confusão no horário de visitas. Motivo de revolta seriam as revistas


Juliana Colares


Nem a presença de gestantes e crianças no interior do presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, a mais lotada das três unidades do Complexo Aníbal Bruno, foi suficiente para evitar um tumulto de consequências trágicas na manhã de ontem, dia de visitas na unidade. Um grupo de presos arrombou um portão interno e foi contido à bala. Na confusão, o presidiário foi Danilo da Silva Bezerra, 20 anos, morreu com um tiro - uma sindicância vai apurar se o disparo partiu da polícia ou dos agentes penitenciários.

Já Dalton Ferreira Gouveia, 28, sofreu vários golpes possivelmente desferidos com uma arma artesanal feita com ferro pontiagudo e também não resistiu. Segundo informações oficiais, ele foi assassinado por internos que aproveitaram o tumulto para praticar o crime. Dalton foi atacado dentro de uma área chamada de “Espera”, por onde todos os presos passam antes de serem identificados e encaminhados ao pavilhão de destino.

Três detentos feridos na confusão com a segurança do presídio foram encaminhados ao Hospital Otávio de Freitas e receberam alta ontem mesmo. Um policial militar foi atingido na testa por uma pedra que teria sido arremessada por um preso e precisou levar seis pontos.

A confusão começou por volta das 9h. A visita de mães, irmãs, esposas e filhos teve início às 8h. O motivo do tumulto teria sido a demora da entrada de visitantes na unidade. Familiares informaram que além de levarem muito tempo na revista, os agentes não estavam tratando bem os visitantes. Já o secretário de Ressocialização, Romero Ribeiro, acredita que o descontentamento surgiu porque a revista está muito mais detalhada do que na época em que a Polícia Militar cumpria esse papel. “Estamos fazendo a operação padrão. E não vamos mudar. Eles estão querendo facilidade”, avisou.

Segundo o secretário, um grupo de cerca de 500 presos, irritados com a demora para a entrada das visitas, arrombou o mais interno dos três portões que ficam entre a área que os detentos têm acesso e a rua. Segundo o secretário, antes de serem feitos disparos na direção dos presos, foram dados avisos para que os detentos recuassem. Ele também informou que foram usadas armas não letais e disparados tiros para o alto. O secretário chegou a afirmar, ontem, em entrevista coletiva, que os tiros que mataram um dos presos e feriram três foram disparados por policiais militares que fazem a segurança nas guaritas. Logo depois, disse que a autoria dos disparos seria investigada em sindicâncias da Secretaria de Ressocialização e da PM. Os agentes penitenciários que fazem a segurança interna da unidade também trabalham armados.

Questionado sobre o uso de armas de fogo para conter um tumulto depois que a visita já havia começado, o secretário Romero Ribeiro afirmou que a ação foi correta. Ele defendeu que a área à qual os presos tiveram acesso após quebrar o portão é considerada crítica para a segurança do local. “Já imaginou 300 presos do lado de fora? É a defesa do estado e da sociedade que está em jogo”, justificou o secretário.

Saiba mais


Mortos

Danilo da Silva Bezerra, 20 anos
Preso no dia 10/11/2011 - Pavilhão 1, cela 17
Esperava julgamento por suspeita de envolvimento em assalto. A primeira audiência seria realizada no próximo dia 8 de março. Chegou a ser socorrido com vida

Dalton Pereira Gouveia, 28 anos
Preso no dia 09/12/2011 - Pavilhão A, cela 52
Segundo informações oficiais, foi assassinado por outros internos, com golpes de instrumento de ferro pontiagudo no peito

Feridos


Jackson Leandro José da Silva, 21 anos
Preso em flagrante no dia 17 de junho de 2009. Chegou ao Aníbal Bruno em 2 de março de 2010

Rafael Alex Lopes da Silva, 22 anos
Preso em flagrante no dia 29 de abril de 2009. Chegou ao Aníbal Bruno em 16 de junho do mesmo ano

Jailson da Silva Santos, 26 anos
Preso em flagrante no dia 17 de dezembro de 2010. Chegou ao Aníbal Bruno no dia 5 de agosto de 2011


Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/02/27/vidaurbana1_0.asp

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