quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

João da Costa avisa que não tem medo de ninguém. 'Sou o melhor candidato'

Por Helder Lopes

Em conversa exclusiva na Central do Carnaval, o prefeito do Recife, João da Costa, falou de sua satisfação com o Carnaval e os próximos passos, terminada a festa, para consolidar o seu nome como o candidato único da Frente Popular no Recife. João da Costa conta que não teme não ser o escolhido, pois se considera o melhor e mais bem preparado entre os nomes já postos, e avisa: é o povo quem escolhe no final.

Olá prefeito, o senhor está muito bem com esse Carnaval, imagino...

Estou ótimo, com um carnaval maravilhoso desse, o melhor de todos os tempos, com certeza, pela estrutura, pela programação, pelo aumento dos serviços. Esse ano a gente aumentou o número de táxis, aumentamos o número de ônibus do expresso da folia, introduzimos a acessibilidade no Carnaval do Recife, com rampas nos principais polos e linguais de sinais para os deficientes. Consolidamos o Polo da Bomba do Hemetério, que começou no ano passado já é um dos polos mais animados. Mesmo com a chuva tivemos a melhor abertura do Carnaval. E quem disse isso não fui eu, foi o locutor, Claudinho, que é o locutor do Carnaval a 12 anos. Foi ele que falou que foi melhor abertura de carnaval, mesmo com aquela chuva foi a melhor abertura no Recife Antigo.

Sábado, eu conheço os sábados de carnaval, depois do Galo, no sábado não tinha menos de 200 mil pessoas à noite. Lotado, um sucesso, com Lulu Santos. Nós acertamos na programação. O carnaval a cada ano atrai mais gente pafa Recife. Eu estava conversando com o pessoal das rádios, um pessoal que cobre carnvala a cinco anos, ele disseram que nunca tinham visto tanta gente. Um sucesso. Os polos descentralizados funcionaram muito bem. Tivemos o melhor carnaval dos últimos dez anos no Recife.

E como usar isso depois do Carnaval, sabemos que o carnaval é sempre um termômetro das gestão, e já se aproximam as eleições?

O Carnaval mostra que nós continuamos todas as políticas exitosas que o nosso projeto já vinha trabalhando há 8 anos, e conseguimos avançar. Podemos dar vários exemplos. O Carnaval é um deles. Além de continuar o que vinha sendo feito, nós avançamos. Hoje a gente faz um Carnaval melhor do que se fazia há alguns ano atrás. Por melhor, é até maior. Melhoramos a infra estrutura, não foi só conceitualmente, como o fato de aprofundamos o conceito da multiculturaliade, valorizamos os nossos artistas. Esse ano, pela primeira vez, um artista plástico desenhou a cenografia, então não é uma releitura do artista homenageado: o próprio artista ajuda a fazer a decoração e a cenografia do carnaval. A beleza, todo mundo tem visto e elogiado, que foi muito bem resolvido em relação às peças, às alegorias, ao palco, maravilhoso. Tudo isso é o resultado de que no Carnaval a gente continuou e avançou. Fizemos isso na habitação; na saúde; na educação; na sustentabilidade, com os parques e as praças.

É só escolher um política, e pode ver que em qualquer uma, a gente continuou o que de bom tenha sido feito e avançando na maioria delas.


O senhor sempre diz que tem um lado, então, mais do que um técnico como se esperava, há uma série de tomada de decisões que são políticas que senhor tem considerado. De que maneira isso materializou no Carnaval e na gestão de uma maneira mais ampla?

No Carnaval nós reforçamos os blocos comunitários, que são 43, nós ampliamos os polos descentralizados. Aumentamos o apoio ao carnaval de rua comunitário, por exemplo, no primeiro ano de Carnaval apoiamos 15 blocos de carnaval de rua, com trios elétricos, esse ano apoiamos 300. é um avanço muito grande, e fazemos isso para que a população mais pobre, que nem sempre tem dinheiro para um táxi ou ônibus, e não podem ficar muito tempo, porque isso exige dinheiro para comida, ele assim fica mais próximo da sua casa com uma estrutura tão boa quanto a do Marco Zero.

Isso são decisões políticas. E um técnico, sou porque a cidade precisa de um gestor, de um gerente. A tem procurado fazer isso no dia a dia, mas pensando na cidade no futuro. O Recife ainda crescer muito nos próximos anos, ela vai voltar a ser principal capital econômica, cultural e política do Nordeste. Nós estamos trabalhando isso. Precisamos gerar emprego, gerar renda, melhorar as condições de vida das pessoas mais pobres, e isso a gente só faz se o Recife crescer gerando emprego e renda. O Recife precisa se fortalecer, mudar seu presente e preparar melhorar o futuro. Temos que cuidar das nossas crianças, e a gente está fazendo tudo isso.

Isso tudo, então, permite que a gente diga que o Recife avança cuidando das pessoas.

Qual estratégia, agora, passado o Carnaval, para que senhor se reeleja e dê continuidade a esse projeto?

Os que são responsáveis por esse governo são, além dos partidos que ajudam a governar, o povo, os movimentos sociais que ajudaram construir um Recife nos últimos 12 anos. Um governo de muitas mudanças. Nós temos um desafio pela frente: pela minha experiência e pelo o que eu conheço da cidade do Recife, pelo que estou fazendo, por tudo o que venho contribuindo nesses anos todos, quero continuar à frente desse processo político com o meu partido, o PT, com os aliados, com o governador Eduardo Campos e a presidente Dilma, mas, principalmente com o povo, quero construir com responsabilidade política a unidade e continuar com esse projeto.

Então, mais do que partidos e nomes de peso, o senhor quer o o apoio do povo. No início do mandato havia uma certa desconfiança, o senhor tem sentido que há esse apoio agora?

Por onde tenho passado há manifestações de apoio. No Galo da Madrugada mesmo foram muitas manifestações de apoio vindo das pessoas. Por onde estive andando no Carnaval inúmeras pessoas me deram parabéns pela gestão, pelo Carnaval. Há um reconhecimento de que a gente está trabalhando muito, que a gente está se esforçando para melhor a gestão a cada dia na cidade do Recife. Isso ainda vai aumentar.

Entre os meus companheiros, as lideranças, são também muito importantes. Qualquer governo só pode dar certo com apoio das grandes lideranças, que são legítimas, representantes políticos do povo do Recife, e elas também reconhecem os avanços. Eu espero agora que a gente tenha maturidade e responsabilidade política para enxergar que a gente tem condições de continuar cuidando da cidade do Recife. E acho que o povo vai se manifestar no final também, por esse apoio. É com o povo no final das contas. Estamos tranquilos em relação à isso, trabalhando muito.



E como fazer isso internamente, no PT. O que o senhor tem feito para ter apoio das lideranças petistas, sobretudo Humberto Costa e João Paulo?

A gente tem trabalhado no partdo com muita responsabilidade. Primeiro discutindo com a militância e informando o que é que o governo está fazendo. É importante os militantes do PT terem conhecimento das obras do governo e daquilo que a gente tem feito para melhorar a vida do povo. E em segundo lugar, conversando e dialogando com as principais lideranças, para que a gente possa construir possibilidades de unidade partidária. Isso é muito importante.

O PT foi vitorioso nos lugares que se manteve unido com seus aliados e com o povo. A gente não poe esquecer, nunca, quem vai julgar e quem decide é o povo nas eleições, não é o partido. O partido indica candidato, o candidato apresenta propostas e quem decide é o povo. A gente tem procurado dialogar sobre isso.

O senador Humberto Costa tem tido uma posição muito equilibrada. Ele sabe da importância dele para a construção da unidade no partido. Do deputado Fernando Ferro, de Hands, de Pedro Eugênio, também de João Paulo, de Oscar Barreto, de Jorge Perez, Tereza Leitão. Tem muitas lideranças. Lideranças que já governaram e que tem grande expressão eleitoral. Tem gente que diz eu já sou também uma grande liderança no PT. Então, nós temos que conversar com todas elas. A gente vai afunilando, criando consensos.

É necessário consenso, prefeito?

Eu espero que a gente seja capaz. Se não de ter um consenso absoluto, mas de ter uma ampla maioria e que ela seja possível de tomar uma decisão que unifique o partido.

O senhor teme que essa decisão não seja o seu nome?

Na política a gente não pode ter medo, tem que ter a coragem de defender aquilo que a gente acha melhor. Eu acho que o melhor candidato no PT para defender não só os oito anos da gestão de João Paulo, mas da minha gestão, sou eu. Eu sou o único do PT que estou há doze anos dentro do governo: oito como secretário e quatro como prefeito. E não só por esses anos todos passados, mas porque tenho discutido projetos para o futuro da cidade do Recife.

O importante agora é o PT dizer para a população como é que ele pretende comandar um conjunto de partidos e quais são as propostas para os próximos quatro anos. Eu defendo que a gente realize o saneamento da cidade do Recife, que a gente termine as obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo, o corredor leste-oeste, o norte-sul, que a gente possa entregar os outros parques, que a gente possa universalizar o acesso em tempo integral para as crianças até três anos, que a gente possa continuar dando as condições para que o Recife seja uma cidade boa para se fazer negócio. Novos hotéis, shoppings, hospitais. Transformar o Recife Antigo. Tenho propostas na ponta da língua para defender, porque venho construindo isso ao longo do tempo.

Eu não estou, portanto, temeroso de meu nome não ser referendado. Estou trabalhando e dizendo que eu sou o melhor candidato do PT para fazer o debate e ganhar as eleições.

E a oposição, prefeito? Como é que o senhor tem visto os nomes que vão sendo postos?

O importante é que, se existem nomes na oposição, que eles possam apresentar um projeto para a cidade, e aí sim, a gente debate com o nosso. Nome por nome, qualquer um pode se lançar. O importante é que a cidade possa ter projetos e decidir se esses são melhores que o nosso. É o que espero discutir nas eleições. Agora a gente deve respeitar todos os nomes e esperar que o debate se faça em torno de projetos de agosto em diante.

Isso seria o ideal, mas a gente sabe que não são só as propostas que contam nas eleições. Há um embate ideológico, pessoal...

O povo quer resolver os problemas e melhorar a vida dele. Isso os resultados eleitorais tem mostrado. O povo quer saber quem está trabalhando, quem tem credibilidade e propostas para resolver os problemas. Não dá para resolver tudo de uma vez, Recife é uma cidade complexa, difícil, com muitos problemas. Nós temos uma pauta grande e difícil pelo frente, então a gente tem que trabalhar para que possamos responder essas necessidades. O que é que a população quer hoje? Quer segurança, que é responsabilidade do Governo do Estado, mas a gente pode ajudar; quer educação de qualidade; quer melhorar sua mobilidade; quer emprego e trabalho; quer ter uma área de lazer para curtir melhor a vida; quer uma Academia da Cidade, e por aí vai. É isso que a população quer.

Quem é que tem condições de, em parceira com Governo do Estado e Governo Federal, poder oferecer soluções para os próximos quatro anos? É esse o debate que nós vamos fazer, é isso que a população vai julgar.

O senhor não acha que a oposição, apesar de o senhor defender essa discussão, queira trazer à tona o seu desentendimento com João Paulo, por exemplo?

Qualquer forma que a oposição encontrar para me desgastar será levantada. Mas isso não é um fator que vai determinar o processo eleitoral. A população hoje tem maturidade suficiente. Nós já vimos isso em outras eleições e temos que levantar esses pontos que historicamente a população relevou.

A população quer saber se o futuro prefeito tem condições de resolver seus problemas, se ele é articulado, se tem condições de fazer parcerias, se ele tem ideias, se ele tem projeto, se ele viabiliza o dinheiro, se ele já tem experiência administrativa, se ele já realizou. É isso que vai definir.

O senhor tem recentemente começado alguns diálogos com partido menores. Quando entra na agenda as negociações e conversas com os partidos maiores, como o PTB, PDT e o próprio PSB, por exemplo?

Diálogos temos tido com todo mundo. Todo mundo numa eleição é importante, já vi gente perder eleição por cause de três mil votos. Não tem essa de partido nanico, quem tem voto é importante. Eleição se decide com voto. Um voto decide uma eleição. Vamos, por isso, dialogar com todos, porque todos são importantes. Uns tem maiores pesos políticos e eleitorais, mas numa eleição todo mundo é importante. Já estamos conversando e vamos continuar essa conversa com todos para que a gente possa ter o maior número de alianças possível.

Quando é que começa, então? Qual agenda, o prazo?

Você tem o diretório municipal, você tem o presidente estadual do partido. Evidentemente que eu, como prefeito e coordenador desse processo, a partir de março e abril, naturalmente, essas conversas vão avançar para um processo de definição que pode ser mais cedo ou mais tarde, vai depender da política.

Nessas conversas o senhor já vai apresentando ou seu nome ou apenas um nome do PT?


Esse nome pode chegar mais cedo ou mais tarde. Quanto mais dificuldades, mais demora, então o que vai definir isso são as relações políticas, as conversas, o ritmo, as condições políticas é que vão determinar. Eu só espero que a gente faça isso com consenso.

O senhor não disse que não precisa ser consenso?

Não, as vezes com a maioria se decide. O importante é criar as condições para que mesmo aqueles que não sejam parte da maioria possam se engajar no projeto.

Fonte:http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2012/02/22/joao_da_costa_avisa_que_nao_tem_medo_de_ninguem_sou_o_melhor_candidato_126302.php

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