Antes mesmo do encontro deste domingo, as duas lideranças já tinham se convencido pela candidatura de Rands
Josué Nogueira
No jantar que o governador Eduardo Campos (PSB) terá neste domingo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo (SP), a sucessão do Recife não entrará no menu. Não precisa. Assim como o socialista, Lula já se decidiu pela pré-candidatura do secretário estadual de Governo, Maurício Rands, ao Executivo da capital. O tema prioritário será mesmo a corrida pela Prefeitura de São Paulo, onde o PT espera selar aliança com o PSB, presidido nacionalmente pelo governador pernambucano. No entendimento de palacianos graduados, as costuras relacionadas à disputa local já se encontram em fase de arremate. Não há mais o que discutir. Rands entra em cena com aval nacional e põe uma pá de cal no projeto de reeleição do prefeito João da Costa.
Mas por que o prefeito foi sumariamente descartado? Governistas aprofundam as explicações que inicialmente se resumiam à falta de condições políticas. Afirmam que o prefeito não soube ouvir e não procurou percorrer os caminhos que deveriam ser trilhados para se viabilizar como pré-candidato. O script traçado pelo Palácio e por petistas mais próximos incluía a aproximação com a presidente Dilma Rousseff e com Lula e a abertura de diálogo com partidos da base, principalmente aquelas distantes do governo. Enfim, ele deveria buscar respaldo para formar o chamado capital político.
Somam-se a esta falha elementar, as dificuldades de gestão. Ainda que ele tenha se movimentado mais a partir de 2011, cumprido uma intensa agenda nas ruas, pesquisas não apontaram satisfação do eleitorado. Além de popularidade estagnada, a rejeição ao seu nome não arrefeceu. Resultado: o próprio PT tratou de articular uma alternativa para não correr o risco de entrar numa disputa com fragilidades expostas.
Para aliados do prefeito, a atitude foi açodada e soou como uma rasteira desnecessária no gestor. Para quem não o quer na cabeça da chapa, o método abrupto é um mal necessário. Afinal, estava passando da hora de colocar uma opção para a população. E a Frente Popular, já balançada com o “grupo alternativo” liderado pelo senador Armando Monteiro (PTB), decidiu reforçar a atitude do PT e abraçar a pré-candidatura de Rands.
E qual será o discurso para explicar o “afastamento” do prefeito e o investimento no nome do secretário? “Rands será apresentado como o novo, o moderno, antenado com as demandas dos novos tempos”, diz um governista. Além disso, observam, o secretário tem uma extensa folha de serviços prestados ao PT como deputado federal durante o governo Lula. O ex-presidente, comenta-se, é grato a ele e o tem alta cotação. O currículo está pronto e o caminho está aberto.
(*) Colaborou Cecília Ramos
Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/03/25/politica2_0.asp
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