SEGURANÇA Manifestação em agência virou motivo de briga entre bancários e vigilantes, que reclamaram de boneco de isopor com cartaz no peito dizendo: "Segurança é de papel"
O que deveria ser um protesto contra a falta de segurança nos bancos se transformou em pancadaria, na manhã de ontem, em frente à agência do Itaú da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife. Um grupo de manifestantes do Sindicato dos Bancários interditou o banco para chamar a atenção para a vulnerabilidade do esquema de segurança e acabou entrando em confronto com seis profissionais filiados ao Sindicato dos Empregados em Empresas de Vigilância do Estado de Pernambuco (Sindesv). Os vigilantes queriam remover um boneco de isopor utilizado pelos bancários e houve troca de empurrões e socos.
Um dos vigilantes deu um murro no boneco de isopor, caracterizado como segurança, e chegou a quebrar o braço do manequim. Um segundo vigilante deu um soco numa bancária e os grupos trocaram empurrões. Os ânimos se acalmaram rapidamente, mas os sindicalistas voltaram a se enfrentar porque os bancários não retiraram o boneco.
"O nosso colega de serviço no banco achou um desrespeito esse boneco com um cartaz no peito dizendo que a segurança é de papel. Somos profissionais e queremos ser respeitados. Se é uma manifestação do Sindicato dos Bancários que eles usem um manequim de um bancário e não de um vigilante", afirmou o diretor de Patrimônio do Sindesv, Élio Lira de Oliveira.
Sobre as agressões, o diretor do Sindesv foi evasivo. "Cheguei aqui conversando. Chamei o diretor do Sindicato dos Bancários que eu conheço para falar sobre o boneco, mas ele não deu atenção. O restante do pessoal discutiu e deve ter ocorrido um mal-entendido entre eles", concluiu Élio Lira de Oliveira.
A presidente do Sindicato dos Bancários, Jaqueline Melo, classificou como lamentável a postura dos vigilantes. Segundo ela, os representantes do Sindesv já chegaram ao local do protesto de maneira truculenta e não procuraram dialogar sobre o fato que os desagradou. "Isso é um mau exemplo para o sindicalismo. O boneco não representa os vigilantes, ele apenas sinaliza que todo o aparato de segurança é frágil e essa é a nossa bandeira aqui. Esse tipo de divisão dos trabalhadores é o que os banqueiros querem", atestou Jaqueline Melo.
A Polícia Militar foi acionada e enviou duas viaturas do 13º batalhão ao local. Os dois grupos entraram em acordo e o protesto prosseguiu com a interdição da agência. Durante todo o dia, nenhum cliente pôde entrar no banco.
"Essa agência é um exemplo do que não se deve fazer. Não há porta giratória com detector de metal, nem câmeras externas, nem biombos nos caixas e muito menos vidros blindados. Os trabalhadores e clientes ficam absolutamente expostos a todo tipo de violência", apontou o diretor de Saúde do Sindicato dos Bancários, João Rufino.
O Procon/Recife notificou 18 agências bancárias da capital pernambucana que não contavam com os equipamentos de segurança previstos em lei. Ontem, as primeiras agências seriam interditadas, mas a Federação dos Bancos do Brasil (Febraban) propôs ao Ministério Público que seja firmado um termo de ajustamento de conduta para a elaboração de um calendário de cumprimento das normas legais.
A alegação da Febraban é que muitos dos itens exigidos pela lei são feitos sob encomenda (vidros blindados, por exemplo) e levam mais de dois meses para serem entregues.
As interdições foram suspensas por tempo indeterminado, mas as fiscalizações vão continuar, de acordo com a diretora do Procon/Recife, Cleide Torres. "Nosso trabalho permanece com o objetivo de levar mais segurança aos usuários e funcionários dos bancos", finalizou Cleide Torres.
Fonte: Jornal do Commercio
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