Por Amanda Miranda, repórter do NE10
Com Paulo Veras, repórter do blog
Ele não é candidato nestas eleições, mas é um padrinho político tão forte que é capaz de mobilizar a militância dos aliados e fazer o seu discurso chamar mais atenção que os outros. Lula (PT) chegou a Pernambuco nesta quinta-feira (4) para reforçar o palanque de Armando Monteiro Neto (PTB) e João Paulo (PT), que disputam o Governo do Estado e o Senado, respectivamente, e se veem ameaçados pelo crescimento da Frente Popular, coligação liderada pelos socialistas. Assim, trouxe também a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição empatada em pesquisas de intenção de voto com Marina Silva (PSB).
Protagonista da noite, Lula foi o mais aplaudido e viu a militância cantar o grito originalmente destinado ao petista José Dirceu e reproduzido no Recife em homenagem a Eduardo Campos (PSB) após a sua morte: “Lula, guerreiro do povo brasileiro”. Isso foi repetido após o seu discurso, o penúltimo – e aguardado, já que depois dele que o ato começou a ser esvaziado.
O ex-presidente falou durante mais de uma hora, ressaltando a gestão de Dilma, sua sucessora no Palácio do Planalto, principalmente na educação e na economia. Como de costume nos discursos que tem feito para pedir votos para a aliada política, ressaltou programas como o Ciência sem Fronteira e o Prouni, além da forma que o Brasil tem enfrentado a crise econômica, prevista por ele como uma “marolinha” no seu governo.
Com os adversários, os ataques foram soberanos, embora sem nomeá-los diretamente. Lula ironizou a forma como Aécio Neves (PSDB) respondeu as perguntas de entrevista concedida na noite dessa quarta-feira (3), usando muito a palavra previsibilidade. “Só que a única previsibilidade é que ele está fora da disputa de 2014. E ele não foi capaz de prever isto”, alfinetou.
Mas Marina Silva (PSB), ministra do Meio Ambiente no seu governo, foi alvo maior de críticas. Primeiro, falou do seu hábito de responder usando “eu acho…”, alegando que Dilma, como presidente, não pode usar esse verbo, e sim o “fazer”. Além disso, disse que a socialista não representa a “nova política” que tanto defende.
Dilma discursou depois de Lula e ficou com a missão de prestar contas do seu governo e fazer propostas. Entre as obras que quer inaugurar em Pernambuco, caso seja eleita, estão as adutoras do Pajeú e do Agreste e a BR-423, que dá acesso a Garanhuns, município onde Lula foi criado.
Mas, política que é, a presidente também fez críticas. “Uma pessoa que muda de lado de uma hora para outra não consegue fazer a água ficar cristalina”, disse, contando um causo que viveu com Lula na última visita a Floresta, há duas semanas: viu um pouco de água barrenta que, ao chegar no canal, tornava-se cristalina. A presidente fez um paralelo com os programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida, que começam tímidos e depois crescem. A alfinetada foi para os socialistas.
Continuando uma “missão” de Lula em Petrolina, cidade no Sertão que o presidente visitou mais cedo, escolheu o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (PSB) como alvo. “A verdade vai vencer a mentira, a desinformação e a cara de pau”, afirmou. “Porque tem muita gente cara de pau por aí, aqui mesmo, em Pernambuco. Quantas vezes vocês ouviram que a Transposição do São Francisco foi feita com uma pessoa só? Não! A transposição começou com Lula e eu continuei.”
Parece que os petistas gostaram mesmo de atribuir o título de ‘cara de pau’ aos socialistas. Candidato a vice-governador na chapa de Armando, o deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT), referindo-se à proposta de Paulo Câmara (PSB) de aumentar o salário dos professores, disse: “Esse povo, quando acorda de manhã, não tinha que lavar o rosto, tinha que passar óleo de peroba na cara.”
Humberto Costa (PT), o primeiro a discursar, também criticou o socialista, dizendo que o Estado “precisa de um governador experiente, que tenha a vida construída não na burocracia, mas no voto popular”. O senador acusou Marina de não ter feito nada por Pernambuco enquanto esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, porém usou exemplos que não estavam ao alcance do cargo, como a Via Mangue, os investimentos em corredores exclusivos para ônibus e a Transnordestina.
Candidato a senador na chapa, o deputado federal João Paulo (PT) discursou após Paulo Rubem. Começou como sempre faz, dançando o próprio jingle. Na sua fala, destacou a questionada aliança entre o PTB e o PT, unindo um empresário, Armando, ao partido que tem origem na luta dos trabalhadores. O ex-prefeito do Recife fez um paralelo com as cores dos cordões dos pastoris, azul – a que representa os petebistas – e encarnado – dos petistas.
Comunidade de pescadores marcada pela luta contra as pressões imobiliárias e as desigualdades sociais, Brasília Teimosa foi lembrada pelos políticos presentes por isso. A área na Zona Sul da capital pernambucana é reduto eleitoral de Lula e João Paulo.
Os jornalistas foram impedidos pela assessoria de imprensa da campanha de deixar o espaço reservado para a imprensa desde o início do comício até a saída de Dilma do local. Quem precisou conversar com as pessoas que foram ao ato político não conseguiu. A justificativa foi que todos os eventos da presidência acontecem assim. Porém, para começar, a petista não estava no Recife como presidente.
Fonte:http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2014/09/05/protagonista-em-comicio-pt-lula-critica-adversarios/
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