O ex-presidente Lula (PT) defendeu, nesta quinta-feira (10), que o PT antecipe a tática de isolar o PSB, do governador Eduardo Campos, nos Estados, durante reunião que durou mais de cinco horas no Palácio da Alvorada e da qual participou a presidente Dilma Rousseff (PT) e seu núcleo político. As informações são da Folha de S. Paulo.
De acordo com a publicação, Lula quer evitar que petistas e outros partidos governistas se aliem à sigla de Campos, agora com seu projeto reforçado pela ex-senadora Marina Silva (PSB-AC).
Ainda estavam presentes no encontro o presidente do PT, Rui Falcão, o marqueteiro João Santana, o ex-ministro Franklin Martins e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
O ex-presidente acreditava que Campos pudesse recuar de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto caso não decolasse nas pesquisas. Por isso, chegou a pedir que o PT mantivesse o diálogo com ele mesmo depois que o PSB entregou os cargos no governo.
Segundo a publicação, interlocutores afirmam que após a filiação de Marina, Lula passou a considerar o PSB como oposição. Além disso, o ex-presidente aponta como prioridade a consolidação de alianças regionais com outros partidos da base de Dilma, a exemplo do PR, PTB e PMDB.
O objetivo, nas palavras de um aliado do ex-presidente, é montar o maior número de palanques distante do PSB e “fechar os espaços de Campos”.
O ministro Mercadante, ao deixar o encontro, procurou enfatizar que o governo não está preocupado com o “quadro dos outros concorrentes” e elogiou o vigor da base governista. Ele também reconheceu a aproximação de Campos com Marina como “novidade política”.
Ainda de acordo com a publicação, o plano traçado com aval de Lula prevê que o PT estimule o lançamento de candidaturas próprias de partidos aliados em redutos socialistas, a exemplo do Espírito Santo. O partido também vê rompimento iminente com o PSB no Piauí, que se aproximou dos tucanos. Os petistas buscarão palanque alternativo no Estado, como deve ocorrer em Pernambuco. Lula defende que o PT pernambucano deixe o governo estadual e embarque na campanha do senador Armando Monteiro Neto (PTB).
No Amapá, onde um governador do PSB também é apoiado pela sigla, o partido admite a possibilidade da manutenção da aliança. No entanto, petistas relatam que o ex-presidente trabalha a hipótese de convencer José Sarney (PMDB) a se candidatar ao Senado, abrindo espaço em seu palanque para a presidente.
A ameaça de afastamento pressionaria governadores do PSB que, ao temer isolamento, Casagrande e Camilo Capiberibe, do Amapá, podem aceitar apoio do PT e, em troca, adotar postura “neutra” no pleito nacional.
Por outro lado, o PSB também traça seus cenários a partir da perspectiva de rompimento completo com os petistas. Segundo a publicação, internamente, a cúpula do PSB admite que o apoio do PT é importante nos Estados do Espírito Santo e do Amapá. Mas o partido prepara palanques opcionais onde for necessário.
Ainda de acordo com o jornal, na reunião desta quinta, reconheceu-se que ainda não foi possível fazer a reforma política que o Planalto havia proposto. O governo também ficou satisfeito em ter aprovado projeto que inibe a criação de partidos. Mercadante afirmou que não se obteve a reforma política, mas que “o Congresso votou na mudança da criação de partidos”. “Nós temos tido pulverização de partidos, uma fragmentação, partidos só de deputados”, disse.
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