A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio 20), marcada para o mês que vem, no Rio de Janeiro, terá como um
dos temas em debate o incentivo ao uso da bicicleta. Além de
bicicletários, os organizadores da conferência prometem disponibilizar
bicicletas para os participantes circularem entre os locais do evento.
Mesmo antes da conferência, o município do Rio de Janeiro já tinha
decidido fazer da bicicleta um dos principais meios de transporte da
cidade. Em quatro anos, a prefeitura ampliou em 120 quilômetros (km) a
rede de ciclovias e ciclofaixas do município que, de 150 km em 2008, já
soma 270 km.
A meta é ampliar para 300 km até o fim do ano e, até 2016, ano das
Olimpíadas no Rio, chegar a 450 km. Para José Lobo, presidente da
organização não governamental (ONG) Transporte Ativo, que estimula o uso
de bicicletas na cidade, números ainda longe do ideal.
Ele destaca, no entanto, que o tamanho da malha cicloviária não está
entre os maiores desafios para quem opta pela bicicleta como meio de
transporte no Rio de Janeiro. Segundo Lobo, um dos principais problemas
enfrentados pelos ciclistas é o desrespeito dos motoristas.
“Capitais como Amsterdã [na Holanda] e Copenhague [na Dinamarca],
onde o uso da bicicleta é gigantesco, não têm uma malha muito maior do
que a nossa. O que acontece lá é que os motoristas são educados. Todas
as ruas e pessoas estão preparadas para lidar com o ciclista, então,
você pode circular na cidade inteira com segurança, independentemente de
ter uma estrutura segregada [para o ciclista]”, disse Lobo.
Segundo ele, a conscientização dos motoristas é fundamental porque,
em determinados lugares, não há como instalar ciclovias. Nessas áreas,
os ciclistas precisam dividir espaço com carros e ônibus. “A gente nunca
vai conseguir ter ciclovias na cidade inteira. As pessoas precisam
saber que aquela bicicleta que está no trânsito não está atrapalhando,
mas ajudando o trânsito a fluir melhor”.
Outro problema citado é a falta de estacionamentos específicos para
bicicletas, os chamados bicicletários. Ele explica que esses serviços
são fundamentais para que as pessoas passem a usar mais a bicicleta como
meio de transporte e, também, para facilitar a integração com ônibus,
trens, barcas e metrôs. “A bicicleta é um grande veículo de bairro,
para distâncias de 3 a 5 quilômetros. Por isso, é importante estar
integrada ao transporte público. Eu posso pedalar até o metrô ou o
terminal de ônibus, mas, muitas vezes, não tenho onde guardar a
bicicleta. Uma legislação do ano passado liberou os ciclistas para
prender as bicicletas nos postes, mas não é a mesma coisa”, disse.
Segundo o subsecretário municipal do Meio Ambiente do Rio,
Altamirando Moraes, há mais de 3 mil bicicletários públicos (nos quais é
possível estacionar pelo menos duas bicicletas por vez) na cidade. Até
a Copa do Mundo de 2014, a proposta é instalar mais mil.
Ele explica que a prefeitura também facilitou o processo para que o
comércio instale bicicletários nas calçadas. Basta solicitar a
instalação, por e-mail, para a Secretaria de Meio Ambiente. Moraes
informou ainda que a prefeitura instalou bicicletários em diversas
estações de trem e metrô da cidade.
Da Agência Brasil
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