sexta-feira, 25 de maio de 2012

Tempo para construir uma "saída honrosa"

PT tem dez dias para tentar minimizar divergências e encontrar uma solução antes da prévia final

Aline Moura

A executiva nacional do PT tem de dez dias para resolver o que nenhum petista do estado conseguiu até agora: definir o candidato à Prefeitura do Recife. A cúpula do partido em São Paulo estabeleceu que, entre esta e a próxima semana, os pré-candidatos João da Costa e Maurício Rands conversem e tentem chegar a um acordo que impeça uma nova disputa interna e exija a convocação dos militantes. Mas alguns integrantes da cúpula entendem que este tempo é uma oportunidade para João da Costa construir uma saída honrosa ou para o partido costurar apoio a outro candidato, entre eles o senador Humberto Costa e o deputado federal João Paulo.

 Há uma convicção entre alguns dirigentes nacionais, dita em reserva, que o prefeito não tem condições de ser o candidato do PT, mas ninguém sabe como convencê-lo a desistir. Ele rompeu com seu padrinho político, o deputado federal João Paulo, perdeu o apoio do PTB no governo, afastou-se do senador Humberto Costa e tem uma oposição inteira torcendo que ele seja o candidato, mas não faz gestos que demonstrem sinal de desistência. “Em nenhum momento, ele recebeu declarações oficiais de apoio de Lula ou de Dilma, nem do governador Eduardo Campos. Isso deveria ter pesado de alguma forma para ele, mas não pesou”, disse um petista graduado.

Ninguém pode duvidar, aliás, da persistência do prefeito. Durante o encontro, ele conseguiu convencer a executiva a propor, no próximo Congresso Nacional do PT, mudanças no estatuto que impeçam a realização de prévias em cidades que já tenham o gestor petista à sua frente. “É um processo inacreditável o que estou vivendo”, disse João da Costa.

Já outros dirigentes nacionais do PT dizem que não está descartada a possibilidade de lançamento de um novo nome. Mas uma parte do partido ainda espera que Rands consiga se viabilizar nos próximos dias, porque acredita que ele conta com a simpatia de Eduardo Campos.

Nessa reta final, apesar de tantos problemas políticos, o que mais pesou contra o prefeito foi a judicialização da disputa. Os observadores que vieram ao Recife disseram à reportagem que ficaram extremamente insatisfeitos com o fato de o grupo do prefeito ter ingressado na Justiça para contestar a lista de votantes autorizadas pelo diretório nacional. Mas o prefeito conseguiu mostrar, através de alguns documentos, que a lista continha erros, porque excluiu vários militantes, a exemplo do presidente do diretório municipal, Oscar Barreto.

Outra coisa que desagradou aos observadores, segundo informações extraoficiais, foi o fato de Rands ter procurado o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para pedir orientações sobre a campanha e impor restrições ao grupo de João da Costa na mobilização da militância.  

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/05/25/politica3_0.asp

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