sexta-feira, 25 de maio de 2012

João atrasado e encarecido

Navio construído em Pernambuco é entregue hoje, R$ 195 milhões mais caro

 


Gabi Vitória
 
CONSTRUÇÃO, prevista para encerrar em 2010, teve alguns rumores de falhas

Sem a presença da presidente Dilma Rousseff, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) entrega hoje o petroleiro suezmax João Cândido - o primeiro construído em Pernambuco - à Transpetro, subsidiária logística da Petrobras. Em sua viagem inaugural, o navio parte do Porto de Suape rumo à plataforma P-38, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro. Dois dias e meio de viagem depois, carregado de óleo cru, segue para descarregar em São Sebastião, São Paulo - uma operação que dura até três dias. A cerimônia terá a presença do governador Eduardo Campos e da presidente da Petrobras, Graça Foster.

O João Cândido seria o primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), do Governo Federal, mas acabou perdendo o posto para o Celso Furtado, do Estaleiro Mauá (Niterói-RJ), entregue no fim do ano passado. A Transpetro recebe o petroleiro pernambucano um ano e oito meses depois da previsão contratual, que era setembro de 2010. E além de atrasado, o João Cândido ficou mais caro: dos R$ 300 milhões iniciais, ele saiu por R$ 363 milhões para a Transpetro, com acréscimo das correções monetárias previstas em contrato. No entanto, de acordo com balanço do próprio estaleiro, o navio custou cerca de R$ 495 milhões. Segundo a Transpetro, o valor excedente fica sob responsabilidade do Atlântico Sul.

Houve constantes rumores que o petroleiro teria falhas estruturais, mas, oficialmente, o João Cândido recebeu o “certificado de classe”, documentação necessária para seu registro junto ao Tribunal Marítimo brasileiro, emitido pela sociedade classificadora American Bureau of Shipping. Isso significa que o navio segue normas vigentes na indústria naval internacional. Ontem, durante visita da Imprensa ao navio, o diretor de Comissionamento do EAS, engenheiro naval Paulo Sergio Cardoso, disse que “o resultado foi tão bom que apenas uma prova de mar foi necessária”. “Foram cinco dias seguidos navegando sem atracação, cerca de 500 quilômetros testando todos os sistemas de bordo”, explicou.

Segundo o comandante do João Cândido, o capitão de longo curso Carlos Augusto Müller, o navio está equipado com tecnologia de ponta, possui, por exemplo, motor e cartas eletrônicos. A embarcação tem um tanque de combustível marítimo de quatro mil litros, o que lhe concede autonomia de 21 mil milhas, suficiente para uma volta ao mundo. Sua capacidade de carga é de um milhão de barris. “Há uma série de trâmites até que o navio possa fazer viagens internacionais. Tudo deve demorar entre 60 e 90 dias”, explicou. Müller é gaúcho, tem 40 anos e por seis anos comandou o Brotas, um navio aframax, um pouco menor que o João Cândido. Ele segue com 25 tripulantes.

Com cinco mil funcionários, o EAS tem a maior carteira de encomendas do Promef, orçada em US$ 8,1 bilhões: são 22 navios (que devem ser entregues até 2016), parte do casco da plataforma P-55 (entregue em dezembro passado) e sete navios-sonda (para exploração de pré-sal, da Sete Brasil). Na lista, o próximo é o Zumbi dos Palmares, em fase de edificação (construção) no dique seco do EAS, que tem entrega prevista para o fim deste ano. Um terceiro suezmax está em fase de montagem de blocos. Talvez 2012 traga melhores ventos para o EAS, compensando o prejuízo de R$ 1,4 bilhão no ano passado, além da saída da coreana Samsung Heavy Industries do negócio. Hoje, estão na sociedade a Camargo Corrêa e a Queiroz Gal­vão, cada uma com 50%.




 Fonte:http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2012/Maio/25_05_2012/0065.html

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