Brasília – O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), não descartou a
possibilidade de reconvocar o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos
para prestar novo depoimento à comissão. As informações que devem ser
prestadas por Cachoeira, no entanto, na avaliação do relator, não são
fundamentais para que a CPMI possa prosseguir investigando.
“Há uma disposição manifesta dele e de seus advogados, de que ele
pode vir depois do dia 1º de julho à CPMI e colaborar com informações.
Agora, não se pode esperar de um chefe de quadrilha, de um bandido, de
um chefe de uma organização criminosa desse vulto, com essa força, que
ele contribua com nossas investigações. Nós queremos investigar por
todos os meios cabíveis. Claro que se ele vier e as informações dele
forem suficientes podem ajudar”, ponderou o deputado ao sair da reunião
destinada a ouvir o empresário.
Cachoeira se recusou a responder as perguntas feitas pelos
integrantes da CPMI. Ele alegou que estava respondendo a um inquérito na
Justiça, com audiência prevista para o fim deste mês. A orientação dos
advogados, nesse contexto, era a de que Cachoeira usasse o direito
constitucional de permanecer calado. Por duas horas e meia, ele ficou
calado, atitude que irritou os integrantes da CPMI, que decidiram
suspender o depoimento. Com informações da Agência Brasil.
Na avaliação do relator, a convocação de Cachoeira, nesta fase da
CPMI, não foi um erro estratégico da comissão. “Não foi um erro. Nós
temos uma determinação clara, nós temos instrumentos para garantir que a
investigação prossiga”, destacou Odair Cunha. “A expectativa é sempre,
ao convidar, convocar alguém para estar na CPMI, é que as pessoas
colaborem com a investigação. Agora, é claro que nós estamos em um
Estado de Direito e nós temos que respeitar o direito dele de ficar
calado”, avaliou.
O advogado do empresário, Márcio Thomaz Bastos, disse, ao final da
reunião, que Cachoeira poderia voltar à CPMI para prestar
esclarecimentos. “Ele volta todas as vezes que for convocado”.
No entanto, a estratégia da defesa é cumprir, antes disso, três
etapas: a análise das gravações, o depoimento à Justiça e o julgamento
do relaxamento da prisão de Cachoeira. “Primeiro, nós temos uma equipe
estudando as dezenas de milhares de gravações e as dezenas de milhares
de páginas escritas nesses processos. Nós olhamos um pouco da Operação
Monte Carlo, não tudo. Falta olhar a [Operação] Vegas, falta olhar os
tais encontros fortuitos”, relatou o advogado.
“A segunda coisa, ele tem um julgamento marcado no dia 31 de maio e
outro 1º de junho, na 11ª Vara Criminal Federal de Goiânia, e ele não
vai falar antes disso. E a terceira coisa: nós temos um habeas corpus
onde, por razões muito fortes, estamos pedindo a anulação das provas
colhidas nessas operações porque elas não foram colhidas de acordo com a
lei. Vamos esperar o pronunciamento da Justiça”, disse Márcio Thomaz
Bastos. Ele também descartou a possibilidade de seu cliente aceitar a
oferta de “delação premiada”, citada durante a reunião por alguns
parlamentares. “Não foi cogitada essa possibilidade”, declarou.
O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que,
caso os próximos depoentes utilizem o mesmo recurso utilizado hoje por
Cachoeria, conversará com o relator para encontrar um plano alternativo e
prosseguir com a investigação. “Vou conversar com o relator para
imaginar que precisamos ter uma tática, um plano B ou um plano
alternativo, se, na quinta-feira, os acusados se mantiverem também
silentes usando o dispositivo constitucional e as garantias”, disse o
presidente. “Acho um pouco improdutivo, embora respeite as posições dos
parlamentares.”.
Fonte:http://www.folhape.com.br/blogdafolha/?p=27419
Nenhum comentário :
Postar um comentário