AE – Preocupada em enfraquecer os tucanos e impor um freio no crescimento do PSB do governador Eduardo Campos, a direção nacional do PT decidiu que vai centrar todo seu poder de fogo nas disputas eleitorais de Recife, Belo Horizonte e São Paulo. Para isso, o partido contará com a presença maciça do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a participação comedida da presidente Dilma Rousseff nestas três capitais. Além da saúde de Lula, a preocupação maior dos caciques petistas é montar uma agenda para Dilma que não banalize sua imagem e não afronte os partidos da base aliada do governo federal.
Na última segunda-feira (23), Lula se reuniu com a cúpula do partido para pedir uma lista de cidades prioritárias onde sua presença é indispensável para a vitória nas eleições de outubro. Os líderes disseram a Lula que é preciso concentrar esforços em favor do senador Humberto Costa no Recife (onde o PT e o PSB romperam), em Belo Horizonte (cidade em que o pessebista Márcio Lacerda, apoiado pelos tucanos, rompeu acordo com os petistas, que na última hora lançaram a candidatura de Patrus Ananias) e em São Paulo (onde o desejo de derrotar o PSDB e de retomar a prefeitura limou a candidatura da senadora Marta Suplicy em favor do novato Fernando Haddad).
Enquanto Lula estará “de corpo e alma” disputando a preferência do eleitorado com Eduardo Campos em Pernambuco, com José Serra em São Paulo e até com o senador Aécio Neves em Belo Horizonte, na capital mineira o grande duelo será entre Dilma e Aécio, numa antecipação do confronto presidencial de 2014. “Ela entrou para valer em Minas Gerais. Ali o jogo será pesado”, prevê uma liderança petista.
Em Pernambuco, os petistas estão avaliando formas de aumentar a presença de Dilma no Estado sem que ela precise participar num primeiro momento de atos da campanha de Humberto Costa. A ideia é reforçar a agenda de eventos do governo federal no Estado e usar imagens de Dilma nos materiais de campanha, deixando bem claro ao eleitor quem é o candidato de Dilma e Lula, sem necessariamente bater de frente com Campos. “É claro que ela vai a Recife, mas vai depender de como o Eduardo Campos vai se comportar. Ela está pensando muito nisso”, revelou o dirigente do PT. Nos bastidores, os petistas consideram Eduardo Campos como real ameaça para a reeleição de Dilma em 2014.
Já em São Paulo, enquanto Lula pretende abrir a agenda de cobertura eleitoral das TVs grudado em Haddad (no próximo dia 6 de agosto), Dilma inicialmente estará com ele apenas nas peças de propaganda. A preocupação da presidente em São Paulo é não desagradar o candidato do PMDB, Gabriel Chalita, aposta de seu vice Michel Temer na briga pela Prefeitura de São Paulo.
Das capitais onde a presença tucana é forte, a única em que os petistas não pretendem se desdobrar é Curitiba, onde o ex-tucano e antigo algoz do governo Lula durante as investigações do Mensalão, Gustavo Fruet (PDT), tem o apoio formal da sigla. “O PT não engoliu o Fruet. Não vamos pedir para o Lula ir lá”, avisou o cacique.
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