sexta-feira, 17 de maio de 2013

Inadimplentes mudam de hábito


Por Amanda Claudino
Da Folha de Pernambuco
Nos últimos 12 meses, a inflação brasileira alcançou o patamar de 6,49%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Indispensáveis, os alimentos são os grandes vilões dessa taxa, contribuindo com 60% do seu valor. O aumento inflacionário está pesando no bolso e modificando os hábitos de consumo dos pernambucanos. Uma pesquisa feita em abril pela Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL Recife) revelou que, no Estado, 83% dos inadimplentes entrevistados afirmaram ter notado aumento nos preços de alimentos e bebidas e, destes, 75% já mudaram suas decisões de consumo.

Nesse grupo, 32% afirmaram que o aumento do nível de preços provocou uma diminuição no consumo de bens básicos. Já 24% optaram por trocar de marcas, escolhendo outras mais baratas, ou cortaram os itens considerados supérfluos. Outros 15% escolheram manter o mesmo nível de consumo, mas, para isso, precisaram deixar de realizar algum tipo de pagamento – culminando na inadimplência – e 4% se endividaram, entrando no rotativo do cartão de crédito.
Superintendente da CDL Recife, Hugo Philippsen afirmou que, normalmente, os meses de maio e junho registram queda no índice de inadimplência. Este ano, no entanto, a taxa já está dois pontos percentuais superior ao percebido em maio de 2012. “Na verdade, quisemos demonstrar que já um processo inflacionário se engatilhando. Desta vez, as pessoas não deixaram de pagar suas dívidas porque perderam o emprego, já que a taxa de desemprego está estabilizada. O que acontece é que está faltando dinheiro por causa do aumento da inflação. O poder de compra diminuiu”, destacou.

O analista financeiro e professor da Faculdade Boa Viagem, Roberto Ferreira, explicou que, nos últimos três anos, os meses de maio, junho e julho apresentaram queda na taxa de inflação. “Pode ser que este ano seja atípico, diferente dos outros. Além da crise no resto do mundo, a participação da indústria brasileira no PIB (Produto Interno Bruto) está diminuindo. As medidas de desoneração da presidente Dilma Rousseff, embora tenham sido corretas, só incentivaram o consumo, não houve incentivo para a produção. Como há mais demanda do que oferta, é natural que a inflação suba”, completou.


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