A possibilidade do indiciamento de cerca de 20 lideranças do Movimento Passe Livre de Pernambuco, por formação de quadrilha, corrupção de menores e crime de incêndio, foram repudiados pela Frente de Luta pelo Transporte Público. Através de nota, o grupo classificou a ação como uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais que ensaiam questionamentos ao Governo do Estado. Segundo o texto, a gestão estadual tem atuado na restrição das ações dos manifestantes que ocupam as ruas da capital pernambucana em protesto. Confira, abaixo, a nota da Frente de Lutas:
A Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco vem através desta, externar o veemente repúdio a mais uma ofensiva que tende a criminalizar os movimentos sociais que ousam questionar o Governo Eduardo Campos.
O Movimento Passe Livre, desde o início das jornadas de Junho, vem aglutinando jovens, estudantes e trabalhadores/as nas discussões acerca de mobilidade urbana e transporte público em nosso Estado, questionando a falta de transparência acerca do sistema metropolitano de Transporte Público e lutando pelo reconhecimento do transporte como um direito social e humano.
Em contrapartida, o Governo do Estado de Pernambuco vem agindo de maneira a sufocar qualquer voz dissonante às suas políticas oficiais, seja ao não receber o movimento para dialogar sobre as pautas amplamente divulgadas à sociedade, seja ao ingerir-se sobre a Câmara Municipal e a Prefeitura do Recife para impedir que a CPI do Transporte Público e o PL do Passe Livre pudessem avançar nestes espaços, mesmo sendo uma das promessas de Campanha do Prefeito Geraldo Júlio a implementação do Passe Livre Estudantil.
Para além desta ingerência que quebra o princípio constitucional da separação dos poderes, decreta a falência do Poder Legislativo e transforma a Prefeitura do Recife em mera secretaria do Governo do Estado, o poder executivo estadual, nas figuras do Governador Eduardo Campos e do Secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, vem impulsionando o que chamamos de criminalização dos movimentos sociais. Já foram divulgados vários casos de perseguição, sequestro e repressão policial a militantes do Movimento Passe Livre além de inúmeras intimações (intimidações) para “esclarecimentos”. Delegacias não são locais adequados para diálogo entre governo e movimentos sociais.
Não satisfeitos com esta ofensiva criminalizante nos dias de atos e manifestações populares; sentidas recentemente por Camelôs, Ambulantes, Barraqueiros, Trabalhadores/as e usuários/as do Terminal Integrado Xambá, a Delegada da Polícia Civil Patrícia Domingues, responsável por um inquérito aberto a pedido de Wilson Damázio e Eduardo Campos para intimidar o movimento, pretende indiciar aleatoriamente, com um arcabouço probatório bastante frágil, várias lideranças do Movimento Passe Livre por crimes como Corrupção de Menores, Formação de Quadrilha e incêndio. Militantes têm sido constantemente chamados/as para “esclarecimentos” e agora, no baixar da poeira desde os atos de Junho, o Secretário de Defesa Social deu a orientação política para a conclusão deste inquérito que tem como único objetivo intimidar, desgastar e criminalizar, como virou praxe no Estado de Pernambuco, as pessoas que lutam por uma sociedade melhor.
Nós da FLTP – PE nos solidarizamos irrestritamente com todos/as companheiro/as que estão na mira do Coronel Eduardo Campos, e convocamos a sociedade para, acima de tudo, defender a democracia e a liberdade política e de imprensa (não esquecemos do recente caso de censura prévia feita por um dos correligionários do governador) no Estado de Pernambuco. Convocamos todos os setores que impulsionam lutas sociais na cidade para uma grande Plenária, nesta quarta-feira (13/11), no DCE da UNICAP, às 18h30 para definirmos as próximas ações e atos do movimento!
“Os poderosos podem matar uma ou duas rosas, mas não conseguirão deter a primavera!”
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