Por Jamildo Melo
Não há como negar. Tô mesmo ficando velho. Eu era ainda um jovem repórter de Economia do JC quando ouvi falar pela primeira vez deste complexo viário. O governo era Joaquim Francisco. Numa coletiva de imprensa, no Centro de Convenções, o então governador anunciava o projeto Costa Dourada, que prometia ligar as praias do litoral Sul. Acabou deixando o governo sem que a obra fosse tirada do papel, como era de se esperar.
Foi no governo Arraes, aos trancos e barrancos, que saiu pelo menos a PE 79, rodovia que chegava até a beira do rio Ariquindá, pela margem da praia de Guadalupe. Depois de mais de 20 anos de prevista, uma ponte que não tem nem 300 metros vai ser finalmente concluída. Não deixa de ser uma vergonha, considerando que o turismo deveria ser uma prioridade, mas, em todo caso, pelo menos está virando realidade.
Depois de uma década de espera, finalmente, a ponte sobre o Rio Ariquindá, ligando as praias de Rio Formoso e Tamandaré, no Litoral Sul, será entregue à população. A inauguração da obra viária, agora em abril, promete incrementar o turismo na região, com a melhoria da facilidade de acesso.
As obras da ponte do rio Ariquindá foram iniciadas em 2002 e ficaram paradas até 2010, embargadas por discussões ambientais. Neste momento, faltam apenas 14 metros para que a ligação rodoviária seja concretizada.
O secretário de Turismo de Pernambuco, Alberto Feitosa, comemora a melhoria da mobilidade, em uma área que carece de infra-estrutura para a atividade turística. “Com a obra viária, o turista poderá economizar 35 quilômetros na ida até a praia de Carneiros”.
Já a vice-prefeita de Tamandaré, Conceição Cavalcanti, espera que a melhora na acessibilidade possa atrair futuros investimentos para a região. “Estamos celebrando muito. A ponte vai ajudar no desenvolvimento imobiliário e turístico de nossa cidade”, disse.
Para o reinício dos trabalhos da ponte, a Secretaria de Turismo de Pernambuco se comprometeu, através de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), entre outras compensações ambientais, a recuperar uma área de 4 hectares em assentamentos de Rio Formoso.
Outra alteração relevante deu-se no projeto. O plano inicial previa uma coluna no meio do rio, com apenas três metros de vão (espaço entre a maré quando alta e a ponte), o que impossibilitaria a circulação de algumas embarcações. Com o novo projeto, o vão livre passou para nove metros.
Além da ponte, o projeto do Complexo Viário de Tamandaré, tocado pela Secretaria de Turismo, é formado ainda pela via de penetração sul (8,2 quilômetros, em Rio Formoso) e a via de contorno de Tamandaré (5,5 quilômetros). Os três projetos contam com investimentos de R$ 35 milhões, provenientes do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), com contrapartidas do Governo do Estado.
Longa espera
O empresário português Raul Fonseca, proprietário do Resort Praia dos Coqueiros, aguarda a conclusão da ponte sobre o Rio Ariquindá há 14 anos. Somente. No ano de 1998, depois de se aposentar do banco luso Espírito Santo, onde trabalhou 25 anos, o executivo decidiu tornar-se hoteleiro em Rio Formoso. Trabalhando em uma agência de viagens, sua esposa o convidou para passar uma semana na fazenda que mais tarde seria comprada e transformda no estabelecimento hoteleiro.
“Espero ansiosamente por esta ponte. Comprei a área em 1998 e um secretário de Estado (Carlos Eduardo Cadoca) me prometeu que em dezembro a ponte estaria pronta. A rigor, ele não me mentiu, pois não disse o ano que a ponte ficaria pronta. Espero que seja 2012”, diz, com fina ironia. “Estou muito feliz. É o básico que se espera de infraestrutura. Rio Formoso precisa muito desta ponte”.
O resort, que oferece uma incrível vista do encontro do Rio Ariquindá com o mar, entre as praias de Guadalupe e Carneiros, conta com 34 apartamentos. Apesar de operar atualmente com uma taxa de ocupação de 20% a 30%, o empresário diz que nunca pensou em desistir do empreendimento. “Sou um otimista”, gaba-se.
Em Tamandaré, Julyanne Oliveira, secretária municipal de Turismo, conta que já é possível perceber o incremento da atividade imobiliária e turística na região. “O Hotel Marinas, um dos mais antigos, estava fechado e reabriu, no último ano. Entre os mais novos, temos o Coral Beache, um resort de luxo. Hoje, temos uma oferta de 800 a mil leitos. Com a inauguração da ponte, a tendência é de crescimento”, acredita.
Fonte:http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2012/01/27/apos_uma_decada_ponte_vai_ligar_praias_de_guadalupe_e_carneiros_no_litoral_sul_123336.php
Nenhum comentário :
Postar um comentário