segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Recife diz não aos maus-tratos animal

Mesmo embaixo de chuva, simpatizantes e ativistas foram para a Avenida Boa Viagem pedir leis mais severas

Adaíra Sene

A causa animal tomou conta da Avenida Boa Viagem na manhã de ontem, a exemplo de várias partes do país. Pelo fim da crueldade, abandono e maus-tratos contra os bichos, a sociedade deu as mãos e foi para as ruas. Protetores e simpatizantes da causa, alguns devidamente fantasiados e com rostos pintados, não se intimidaram com a forte chuva que caiu no início do percurso. O Manifesto Crueldade Nunca Mais abriu espaço para a discussão de penas mais severas na lei de crimes ambientais. Até o próximo mês, uma petição virtual começará a ser assinada para, posteriormente, ser enviada à Brasília solicitando a mudança na legislação. À tarde, defensores também invadiram a beira-mar de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes.

Vestida de coelho, a auxiliar administrativa Jaqueline Leandro Costa, 26, lembrou que a luta vai além da caminhada. “Sou ativista e faço parte deste trabalho há muito tempo. Enquanto as pessoas continuarem a espancar os bichos, abandoná-los ou usá-los em testes de laboratório, não vamos conseguir mudar a realidade atual”, ressaltou. Discurso reforçado pelo organizador do evento no Recife, o advogado Rodrigo Vidal. “Somente no Recife, temos 43 mil animais abandonados nas ruas. Hoje, o país inteiro aderiu à nossa causa e as nossas atividades estão apenas começando”.


No evento, o Movimento de Defesa dos Animais, em parceria com o Centro de Vigilância Ambiental, organizou a 3ª edição do Adote um Vira-Lata, disponibilizando cães recolhidos pelo CVA. “Tentamos resolver como podemos. Cuidamos dos animais nas ruas e, quando possível, colocamos em abrigos. Mas sozinhos não conseguiremos mudar essa realidade”, disse a organizadora da passeata em Jaboatão, Suelen Vasconcelos.


A veterinária Adriana Miranda, 32, juntou-se ao grupo que foi à Avenida Boa Viagem e acredita que as mudanças na lei são necessárias. “Sabemos que não vai acontecer do dia para a noite. Mas quanto mais pessoas aderirem à causa, mais perto estaremos de uma realidade melhor para todos. Precisamos de penalidades mais duras para esses crimes”, disse. A estudante de direito Marcelle Castro também concorda.“Precisamos de leis mais rígidas e punição severa para quem maltratar. Tortura merece cadeia”.

Já a arquiteta Fátima Dias acha que o sentido de sociedade é mais amplo. “Um mundo justo é um local de respeito para todos, incluindo os animais que não têm como exigir seus direitos”, disse.

"É preciso que o governo se sensibilize e crie políticas para o problema de cães nas ruas"
, Andreza Castro, chef de cozinha

Entrevista >> Rodrigo Vidal - organizador da caminhada


“Colocar na cadeia quem maltratar os animais”


A causa animal está ganhando cada vez mais defensores. Qual o principal motivador?

Queremos responsabilidade com os animais. Temos uma legislação de 1998 e penas brandas são sinônimos de impunidade. Nosso objetivo é colocar na cadeia quem maltratar os animais. Hoje temos medidas alternativas e os suspeitos são liberados. A sociedade está começando a enxergar isso e a perceber que precisamos de mudanças.

Por que o Manifesto Crueldade Nunca Mais?

Este é um evento nacional nunca antes visto. Todo o país aderiu a causa, principalmente depois de casos tão brutais como, por exemplo, o do york shire torturado em Goiás. No Recife, organizamos um protesto pacífico e deu certo. Em Pernambuco temos um número expressivo de animais abandonados e isso também é crime. As pessoas se vestiram de branco e preto mostrando que buscamos paz e estamos de luto.

Como você avalia a caminhada?

Foi um sucesso. Em um domingo de manhã e debaixo de chuva conseguimos atrair centenas de pessoas. A chuva até atrapalhou um pouco, mas todos os que vieram representam muito mais e contribuíram diretamente para que sejamos ouvidos. Os animais precisam de vez e voz.

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/01/23/vidaurbana4_0.asp

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