segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mesada pode ser aliada na educação financeira

Qual a melhor hora para dar dinheiro à criança? E o valor? O Diario foi perguntar aos especialistas

THATIANA PIMENTEL

Um dos maiores desafios dos pais hoje é ensinar aos filhos como lidar com dinheiro. Nessa luta, a mesada pode ser uma ótima arma de aprendizado, onde a criança toma decisões, lida com recursos limitados, faz orçamentos e poupa para realizar sonhos. O dinheiro dado mensalmente aos pequenos também permite que eles cometam seus próprios erros financeiros e deem valor ao que compram, conservando melhor brinquedos, roupas e aparelhos eletrônicos. A questão, porém, é que nem todos os pais sabem usar essa ferramenta de maneira correta, o que pode acarretar em descontrole dos gastos e referências negativas do dinheiro por parte da criança.

Você deve estar se perguntando: qual a melhor forma de dar mesada? Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, autor da coleção infantil O menino do dinheiro, acredita que o primeiro passo é definir uma idade a partir da qual a criança irá receber o dinheiro. “De maneira geral, indico que os pais deem mesada a partir dos sete anos, pois antes dessa idade a criança ainda não sabe fazer contas simples como somar e subtrair e pode ficar constrangida ao administrar o dinheiro.”


O segundo passo é mais difícil: definir o valor. Para isso, o educador diz que os pais devem fazer antes um diagnóstico financeiro do gasto das crianças e, a partir do total encontrado, fixar a mesada em 50% deste número. “O pai vai lá e anota todo o dinheiro que dá para o filho durante 30 dias. No fim deste prazo, ele percebe que deu R$ 100 para a criança. Então, ele vai passar a dar R$ 50 por mês para o menino e explica a ele que esse é o dinheiro para o mês todo.” Desta forma, o pequeno vai ter de encontrar formas de esticar a graninha e definir prioridades. Começa, então, a entender que não pode comprar tudo aquilo que deseja.


Outra dica de Reinaldo Domingos é que os pais conversem com os filhos sobre seus desejos de consumo para definir metas junto a eles e incentivar os pequenos a poupar. “Você conversou com seu filho e ele disse que quer um videogame. Aí você fala: ‘Se você juntar x por x meses, eu coloco o dobro e a gente consegue comprar’. Essa é uma forma infalível de estimular a criança a economizar”, explica o educador financeiro.


A professora de economia doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Fátima Macena concorda. “O mais importante na educação financeira das crianças é mostrar o valor real do dinheiro e quais as melhores maneiras de usá-lo. E, antes da mesada, os pais já podem estimular a poupança dando cofrinhos aos seus filhos”, afirma. A professora diz ainda que é contra a troca do dinheiro por boas notas. “Quando você condiciona a mesada ao desempenho escolar está ensinando a criança que o que ela aprende só tem importância para ganhar dinheiro, quando na verdade o ensino deve ser encarado como uma evolução, uma forma de crescer.”


Descontrole


Apesar das opiniões a favor, Socorro Albuquerque, mãe de Letícia e Ivanildo, vê malefícios na prática de dar mesada às crianças. De acordo com ela, caso os pais não acompanhem os gastos de perto, essa ferramenta pode incentivar o descontrole financeiro dos pequenos. “Quando você dá o dinheiro quando seu filho está precisando, você tem a chance de conversar com ele e analisar em conjunto os gastos dele. Isso deixa o relacionamento entre vocês mais próximo e você não corre o risco de ter seu filho com algum produto que você desaprove ou que não cabe no orçamento mensal da família.”

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/01/30/economia1_0.asp

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