quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Para Eduardo, crise uniu Pernambuco

Aline Moura

“Enfrentamos e vencemos o debate”. Esta foi a avaliação feita, ontem, pelo presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao falar sobre as denúncias de favorecimento político que envolvem o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. De acordo com Eduardo, as acusações de que Bezerra Coelho transferiu 90% das verbas de prevenção de desastres para Pernambuco – por interesses eleitorais – uniram as diversas correntes políticas e a população do estado. “As pessoas de todos os lados viram como um acinte, uma agressão ao pernambucano, aos que sofreram anos e anos sem barragens”, afirmou o governador.

Eduardo Campos tem procurado tirar, em seu discurso, o tom de crise em relação ao afilhado político. Em entrevista ao Diario, ontem, o governador se mostrou bem-humorado e otimista quanto ao fim da polêmica. Na companhia do secretário de Imprensa, Evaldo Costa, sorriu bastante ao responder as perguntas e se mostrou orgulhoso do bronzeado, adquirido no final de semana na praia dos Carneiros, Litoral Sul de Pernambuco, onde esteve com a família.


Depois de contar que pescou “17 peixinhos” no período de descanso, descontraído, voltou a falar sobre as denúncias. Destacou ser impossível um país tão grande como o Brasil ter apenas R$ 25 milhões para investir em prevenção e este valor representar 90% dessas verbas. “Avalio que enfrentamos e vencemos o debate. Tanto é que muitos articulistas do Brasil inteiro já começam a nos dar razão”, disse, referindo-se ao fato de a primeira denúncia contra Bezerra Coelho ter se baseado numa informação tratada por ele como errada. A acusação fez a análise de apenas uma rubrica do Ministério da Integração, sem levar em conta, por exemplo, investimentos de R$ 155 milhões para obras de prevenção e R$ 915 milhões para reconstrução.


Para Eduardo Campos, os partidos aliados, como PMDB e PT, não estão envolvidos no episódio, embora alguns governistas tenham externado a preocupação com a sua desenvoltura no cenário nacional. “Eu não atribuo isso ao fogo amigo, mas à desinformação. Enfrentamos isso com tranquilidade e não vamos prejulgar ninguém”, declarou, ressaltando que já recebeu várias ligações de solidariedade.


Conhecido pelo estilo ágil na solução de crises, Eduardo acredita que as denúncias serviram de oportunidade para mostrar os projetos que evitarão enchentes no estado, feitos em parceria com o governo federal e conhecidos pela presidente Dilma Rousseff (PT). “Do nosso ponto de vista, está superado. Apresentamos, desde o primeiro momento, todas as explicações que cabiam ser apresentadas a Pernambuco e ao país. Essa é uma oportunidade de mostrarmos o que estamos fazendo, de mostrar aquilo que não foi feito em décadas de enchentes se repetindo, com pessoas sofrendo e perdendo suas casas (…)”.


Depoimentos


“O que há claramente é a intenção de certos setores políticos de tentar criar uma crise artificial e desestabilizá-lo”

Armando Monteiro (PTB), senador

“Para nós (do PSDB), escândalo é o contigenciamento de recursos.

O governo ter R$ 500 milhões para prevenção e liberar apenas R$ 30 milhões”.
Bruno Araújo, futuro líder do PSDB na Câmara dos deputados

“Minha primeira leitura é a da discriminação contra Pernambuco e contra os nordestinos"

Humberto Costa (PT), senador

“É no mínimo estranha a demonstração de desconhecimento ou até mesmo má-fé nesta orquestração contra o ministro da Integração Nacional”

Elias Gomes (PSDB), prefeito de Jaboatão dos Guararapes

"Não vamos permitir que a adoção de providências necessários e urgentes, num momento de extrema comoção, seja tratada como um mero privilégio”

João Paulo (PT), deputado federal

“Petrolina tem orgulho do seu filho ministro, não do seu cargo. Os filhos são eternos, os cargos não”

Júlio Lóssio (PMDB), prefeito de Petrolina

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2012/01/11/politica2_0.asp

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